Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Longa Covid

OMS vê pandemia perto do fim, mas danos à saúde pública são amplos e duradouros

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Vacinação contra a Covid em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Dois anos e meio depois de ter declarado o início da pandemia de Covid-19, a Organização Mundial da Saúde anuncia que a maior crise sanitária dos últimos cem anos parece finalmente chegar ao fim.

O diagnóstico alvissareiro veio do diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, após o registro do menor número de mortes semanais pela doença desde março de 2020.

De 5 a 11 de setembro foram confirmadas, em todo o mundo, pouco mais de 11 mil vítimas. O Brasil, felizmente, vem acompanhando a tendência. A média móvel de 69 óbitos representa redução de 45% em relação ao dado de 14 dias atrás.

O quadro, segundo Adhanom, permite afirmar que o mundo "nunca esteve em melhor posição para acabar com a pandemia".

De acordo com a OMS, para alcançar tal objetivo é imprescindível que os países sigam aumentando a sua taxa de vacinação e mantenham uma ampla política de testes, bem como programas que permitam rastrear novas variantes potencialmente agressivas.

Embora tenha falhado de forma vexatória na maior parte desses requisitos, o Brasil ao menos ostenta boas taxas de imunização. Atualmente, cerca de 85% da população elegível já completou o esquema vacinal. Mas há que se avançar na administração da dose de reforço, ainda abaixo dos 60%.

Se o número de mortes e casos constitui a face mais visível da pandemia, hoje está claro que a extensão de seus impactos na saúde pública é muito mais amplo.

No primeiro ano da crise, as taxas de suicídio no Brasil, conquanto tenham se mantido estáveis no geral, cresceram entre mulheres (7%) e idosos (9%) na comparação com a média dos últimos dez anos, mostra estudo recém-publicado.

Os pesquisadores aventam como hipótese explicativa o fato de que, com os filhos em casa, o primeiro grupo tornou-se mais sobrecarregado, além de enfrentar um aumento das taxas de violência doméstica, ao passo que o segundo sofreu os efeitos de um isolamento social mais rígido.

Também preocupam as sequelas deixadas pela doença —a chamada Covid longa. Amplo estudo conduzido no país mostrou que 65% dos infectados desenvolveram ao menos uma condição crônica.

Tudo isso deve exercer ainda mais pressão sobre um já sobrecarregado SUS —e exigir das autoridades ações para lidar com consequências que irão perdurar para além da crise, por muito tempo.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.