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Jack Terpins

Somos todos irmãos

Que o Ano-Novo judaico traga grandes conquistas e avanços nos diálogos entre os povos

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Jack Terpins

Engenheiro, é presidente do Congresso Judaico Latino-Americano

Na última semana, pela primeira vez no Brasil, foi realizado o 1º Campeonato Abraâmico de Homus. A iniciativa reuniu judeus, muçulmanos e cristãos em torno de um dos pratos mais conhecidos e presentes nas mesas do Oriente Médio. Mais do que uma incursão gastronômica, a atividade serviu para afinar relações entre os três grupos e ampliar o diálogo entre eles.

É histórica a presença e participação de judeus e árabes na economia e desenvolvimento do país. Dividem amistosamente espaços e "fregueses" —até guardam na voz o mesmo acento.

Abdullatif Al Zayani, Binyamin Netanyahu, Donald Trump e Abdullah bin Zayed em cerimônia para a assinatura dos Acordos de Abraão, na Casa Branca - Tom Brenner - 15.set.20/Reuters

No último dia 15 de setembro, celebramos os dois anos da assinatura dos Acordos de Abraão, que abriram possibilidades infinitas nas áreas de economia, sociedade, segurança etc. entre Israel e países árabes, configurando também um novo desenho da região.

Altos funcionários desses governos, embaixadores e empresários visitam esses países e travam novas oportunidades de negócios, voltando para casa com frutos auspiciosos desses encontros. Turistas sobem nos arranha-céus em Dubai, se arriscam em pistas de neve em meio ao deserto; na outra ponta, olhos brilham ao admirar os pontos bíblicos

Do início dessas tratativas, que aconteceram entre 1979 e 1994, respectivamente com Egito e Jordânia, foi percorrido quase meio século para podermos vislumbrar novos horizontes. Podemos encurtar esse tempo através de ações descomplicadas e, aqui, encontramos um terreno fértil a ser preenchido com atos simples e de uma forma perene.

Essa prova demonstrou que o diálogo é possível e necessário, não somente entre as religiões abraâmicas, mas entre todos que se dispõem a conhecer o outro —ter a tal empatia.

Neste domingo (25), com o despontar da primeira estrela, adentramos no ano de 5783 pelo calendário judaico, Rosh Hashaná. A contagem se dá com a criação do homem, no sexto dia da criação: "E Deus criou a Humanidade à sua imagem; à imagem de Deus a criou; macho e fêmea a criou...Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia". (Gênesis 1:27 -1:31).

A cada novo ano, renova-se esperança e se traça um plano para aquilo que pretendemos fazer no futuro próximo. Algumas coisas podemos fazer sozinhos; há, porém, as que necessitamos de uma companhia.

Deus, como reza a Bíblia, não quis que o homem ficasse só. Deu a ele a companhia de Eva. Nascia ali a humanidade.

No Livro Sagrado nos deparamos com inúmeras histórias de batalhas travadas entre povos, conquistas de terras, domínio de uma religião sobre a outra. 5.782 anos nos separam da obra divina aos dias atuais e ainda temos situações de conflito. Desejamos que esse cenário mude, que chefes de Estado assumam uma nova postura que possibilite vivermos lado a lado em paz. Na América Latina, isso é possível. No Brasil, isso é possível.

É preciso criar uma vitrine que exiba tudo, que incentive e estreite as relações interculturais, étnicas, inter-religiosas. Para verem provas de que nada melhor do que sentar-se à mesa e riscar à caneta para alcançar a paz.

Campeonatos que ocorram em um clima fraterno como o que presenciamos demonstram como é fácil estender as mãos.

Quiçá, em 5783, visto as grandes conquistas e avanços nos diálogos entre os povos, possamos alcançar a tão almejada paz.

Shaná Tová.

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