Na última semana, pela primeira vez no Brasil, foi realizado o 1º Campeonato Abraâmico de Homus. A iniciativa reuniu judeus, muçulmanos e cristãos em torno de um dos pratos mais conhecidos e presentes nas mesas do Oriente Médio. Mais do que uma incursão gastronômica, a atividade serviu para afinar relações entre os três grupos e ampliar o diálogo entre eles.
É histórica a presença e participação de judeus e árabes na economia e desenvolvimento do país. Dividem amistosamente espaços e "fregueses" —até guardam na voz o mesmo acento.
No último dia 15 de setembro, celebramos os dois anos da assinatura dos Acordos de Abraão, que abriram possibilidades infinitas nas áreas de economia, sociedade, segurança etc. entre Israel e países árabes, configurando também um novo desenho da região.
Altos funcionários desses governos, embaixadores e empresários visitam esses países e travam novas oportunidades de negócios, voltando para casa com frutos auspiciosos desses encontros. Turistas sobem nos arranha-céus em Dubai, se arriscam em pistas de neve em meio ao deserto; na outra ponta, olhos brilham ao admirar os pontos bíblicos
Do início dessas tratativas, que aconteceram entre 1979 e 1994, respectivamente com Egito e Jordânia, foi percorrido quase meio século para podermos vislumbrar novos horizontes. Podemos encurtar esse tempo através de ações descomplicadas e, aqui, encontramos um terreno fértil a ser preenchido com atos simples e de uma forma perene.
Essa prova demonstrou que o diálogo é possível e necessário, não somente entre as religiões abraâmicas, mas entre todos que se dispõem a conhecer o outro —ter a tal empatia.
Neste domingo (25), com o despontar da primeira estrela, adentramos no ano de 5783 pelo calendário judaico, Rosh Hashaná. A contagem se dá com a criação do homem, no sexto dia da criação: "E Deus criou a Humanidade à sua imagem; à imagem de Deus a criou; macho e fêmea a criou...Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia". (Gênesis 1:27 -1:31).
A cada novo ano, renova-se esperança e se traça um plano para aquilo que pretendemos fazer no futuro próximo. Algumas coisas podemos fazer sozinhos; há, porém, as que necessitamos de uma companhia.
Deus, como reza a Bíblia, não quis que o homem ficasse só. Deu a ele a companhia de Eva. Nascia ali a humanidade.
No Livro Sagrado nos deparamos com inúmeras histórias de batalhas travadas entre povos, conquistas de terras, domínio de uma religião sobre a outra. 5.782 anos nos separam da obra divina aos dias atuais e ainda temos situações de conflito. Desejamos que esse cenário mude, que chefes de Estado assumam uma nova postura que possibilite vivermos lado a lado em paz. Na América Latina, isso é possível. No Brasil, isso é possível.
É preciso criar uma vitrine que exiba tudo, que incentive e estreite as relações interculturais, étnicas, inter-religiosas. Para verem provas de que nada melhor do que sentar-se à mesa e riscar à caneta para alcançar a paz.
Campeonatos que ocorram em um clima fraterno como o que presenciamos demonstram como é fácil estender as mãos.
Quiçá, em 5783, visto as grandes conquistas e avanços nos diálogos entre os povos, possamos alcançar a tão almejada paz.
Shaná Tová.
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