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Guerra dos chips

Embate geopolítico entre EUA e China ganha novo patamar com medida americana

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O presidente dos EUA, Joe Biden - Jonathan Ernst/Reuters

Em nova escalada do confronto geopolítico com a China, o governo dos Estados Unidos impôs restrições sem precedentes para acesso à tecnologia americana na área de semicondutores —considerada estratégica em uma ampla gama de aplicações econômicas e militares.

A decisão abre uma nova etapa no embate. Pela primeira vez, as restrições não atingem apenas itens com potencial uso bélico. Na prática, qualquer empresa que utilizar tecnologia listada na regulamentação precisará de licença especial para operar na China.

A primeira restrição, mais convencional, se dá no fornecimento de chips na fronteira tecnológica, que tem uso imediato em supercomputadores e na inteligência artificial. Essa frente é a base para o desenvolvimento de armas autônomas, mais baratas, ágeis e com potencial de alterar a correlação de forças entre as duas potências.

Há também vetos ao fornecimento de softwares e máquinas essenciais para produção e controle de semicondutores, o que visa dificultar o desenvolvimento da base produtiva do gigante asiático.

Por fim, funcionários de empresas, cidadãos americanos e detentores do direito à residência nos EUA (inclusive milhares de chineses) estão impedidos de prestar serviços essenciais na manutenção e operação dessas ferramentas.

Além disso, quaisquer empresas, inclusive não americanas, envolvidas no fornecimento de chips sofisticados à China poderão sofrer as mesmas restrições.

Tais ações complementam a lei recentemente aprovada no Congresso americano que confere US$ 52 bilhões em subsídios para pesquisa e nacionalização de parcelas mais amplas da cadeia produtiva do setor, hoje dispersa no mundo, em especial na Ásia.

Uma resposta chinesa será inevitável. O país vem investindo de forma robusta em nascentes empresas locais e pretende dominar a inteligência artificial até 2030. Agora, porém, tal objetivo fica comprometido, dada a dependência de tecnologia ocidental.

Embora ainda não haja clareza, a reação poderá envolver controles de exportações de minérios raros, componentes químicos e farmacêuticos e outras áreas com posição dominante da China.

O consenso político nos EUA é de contenção às ambições chinesas e por forçar agentes econômicos a escolher um lado. A aposta, perigosa, prenuncia consequências significativas que atingirão a todos.

editoriais@grupofolha.com.br

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