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Haverá segundo turno; economia favorece Bolsonaro e exige definição de Lula

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Em montagem, os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que disputarão o segundo turno - Miguel Schincariol/AFP e Zanone Fraissat/Folhapress

Como se observou nas cinco eleições presidenciais anteriores deste século, a escolha do mandatário maior do país se dará em segundo turno —dentro de quatro semanas.

Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu ao conquistar perto de 43% dos votos válidos, acima do que indicavam as pesquisas de intenção. Parece evidente que o momento de melhora econômica, com queda da inflação e do desemprego, favoreceu o presidente e seus aliados.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amealhou 48% das preferências e aparecia, antes da abertura das urnas, como líder nas simulações de um confronto com o adversário. Não funcionou, contudo, a tentativa petista de apressar o desfecho da contenda com a atração do voto útil antibolsonarista.

Numa campanha de paupérrimo debate programático até aqui, o segundo turno cria a oportunidade para que os finalistas apresentem propostas mais palpáveis e estabeleçam alianças mais amplas, na melhor hipótese baseadas em compromissos de gestão.

Lula, embora tenha governado o país por oito anos, de 2003 a 2010, permanece uma incógnita quanto a seus planos no vital campo da economia. Sua indicação mais importante foi a composição da chapa com o ex-tucano Geraldo Alckmin, hoje no PSB, na vice. Pouco fez além disso, porém.

Seu partido ainda se deixa encantar por teses estatistas e intervencionistas que levaram à ruína orçamentária e a uma profunda recessão sob Dilma Rousseff. O ex-presidente erra ao dar espaço a tais maquinações, que se chocam com suas próprias experiências bem-sucedidas no Planalto, e pode ser forçado a corrigir o erro agora.

Calcula-se que Lula buscará entendimento com Simone Tebet, presidenciável do MDB. Fará bem se indicar se pretende rumar ao centro, inclusive com a indicação de quem dará as cartas na economia, ou se ficará à esquerda.

Já Bolsonaro protagonizou o abuso mais descarado da máquina pública em ano eleitoral já visto desde a redemocratização do país, com a distribuição de benefícios sociais sem sustentação fiscal e intervenção nos impostos sobre combustíveis. Seu governo não foi capaz de apresentar um Orçamento para 2023 que mantenha tais medidas.

Nas próximas semanas, deveria também mostrar compromissos mais convincentes com as instituições democráticas. Terá a chance de ganhar mais votos se abandonar a pregação golpista.

De lamentar neste domingo foram as longas filas nas seções, consequência de exigências mal concebidas do Tribunal Superior Eleitoral sob o ministro Alexandre de Moraes. De mais positivo, a ausência da violência que se temia. Que a campanha continue em paz.

editoriais@grupofolha.com.br

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