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O que a Folha pensa

A China relaxa

Flexibilização das restrições no país tende a diminuir risco de recessão mundial

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Jovens se divertem em boate na cidade de Cantão (China) - Diego Herculano/Folhapress

Com juros em alta nos principais centros financeiros do mundo e risco de uma recaída recessiva, o que ocorrerá com a China no ano que vem terá especial importância. Aqui também, dado o peso do mercado chinês como importador de matéria-prima brasileira.

O gigante asiático enfrenta perda de dinamismo nos principais motores da economia das últimas décadas, notadamente os setores imobiliário e de infraestrutura.

A consequência é o aumento do risco financeiro. A projeção de crescimento para este ano não passa de 3,5%, dois pontos percentuais abaixo da meta do governo, ainda que por motivos transitórios.

A boa notícia é que a política restritiva de combate à pandemia, que manteve a economia sob pressão até agora, começa a ser afrouxada. Na última sexta-feira (11), foram anunciadas medidas que flexibilizam quarentenas e abrandam critérios de distanciamento social.

A médio prazo, contudo, há vários obstáculos, entre eles a demografia, com esperada queda acentuada da população ativa nas próximas duas décadas. O principal desafio será alterar o modelo de crescimento atual, muito lastreado na concessão de crédito dirigido para a infraestrutura e imóveis.

Há sinais de que esses investimentos não são produtivos, pois tem sido necessário cada vez mais crédito sem que se observe crescimento concomitante da atividade. A consequência é risco financeiro —apenas neste ano o endividamento geral da economia passará de 270% para 295% do PIB.

Há, ainda, insuficiência crônica de demanda interna. Ao contrário do que ocorreu em outros países, a China não passou por aumento relevante da inflação ao consumidor.

Os saldos comerciais, que se aproximam do montante de US$ 1 trilhão neste ano, também sugerem que o país precisa estimular o consumo doméstico. Do contrário, dependerá de mercados internacionais cada vez mais arredios.

Redirecionar o modelo de desenvolvimento para o consumo, contudo, não será fácil. No campo político, a centralização de poder nas mãos de Xi Jinping aponta para maior dirigismo na economia à frente, o que pode ter consequências negativas para o setor privado.

Essa perda de vigor da economia chinesa pode exacerbar o risco de recessão mundial, com efeito deletério nas exportações brasileiras.

Ao longo de 2023, contudo, o relaxamento das restrições do estado de emergência sanitária tende a estimular o consumo e a produtividade, impactando de modo positivo os preços de matérias-primas, o que pode favorecer o Brasil.

editoriais@grupofolha.com

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