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20 anos da histórica expansão da União Europeia

Bloco mostrou ser o projeto político e econômico mais bem-sucedido da história

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Em 1º de maio de 2004, dez países europeus ingressaram na União Europeia (UE), marcando a maior expansão de sua história. A União Europeia, um bloco de 27 Estados-membros, hoje se destaca como o projeto político e econômico mais bem-sucedido da história mundial.

Vinte anos atrás, a União Europeia embarcou em um processo notável, expandindo-se para incluir dez novos países: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca.

Iniciando a sua formação em 1948, no período pós-Segunda Guerra Mundial, as raízes da União Europeia foram estabelecidas com a assinatura do primeiro tratado entre seis países, estabelecendo a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em 1951. Com o passar do tempo, as instituições europeias evoluíram e se expandiram. Um dos seus marcos mais significativos ocorreu na década de 1990, um período de mudanças históricas na Europa Central, bem como nos países balcânicos, após o colapso dos regimes comunistas e da dissolução da Iugoslávia.

Plenário do Parlamento em Bruxelas (Bélgica) - John Thys - 10.abr.24/AFP - AFP

A expansão de 2004 provou ser benéfica tanto para os Estados-membros existentes quanto para os recém-aderidos, proporcionando não apenas novos mercados e oportunidades de investimento, mas também uma plataforma política de consenso e paz. Neste artigo conjunto, embaixadoras e embaixadores dos Estados-membros dessa expansão histórica acreditados no Brasil descrevem os motivos pelos quais seus países decidiram se unir à Europa unida e apontam os benefícios dessa decisão.

Chipre

A República do Chipre tem trilhado um caminho de integração e transformação desde o início de um Acordo de Associação com a Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1972, culminando na adesão plena à UE em 2004 e na adoção do euro como sua moeda em 2008. Governada como uma república presidencialista unitária, as eleições recentes elegeram Nikos Christodoulides como presidente, enfatizando a unidade em meio à divisão da ilha. O cenário político complexo do país é marcado pela divisão duradoura entre o sul controlado pelos cipriotas gregos e a chamada República Turca do Norte de Chipre. Os esforços pela reunificação têm enfrentado desafios, com desenvolvimentos recentes da Turquia complicando as negociações lideradas pela ONU. A busca por uma solução abrangente através de conversas de paz mediadas pela ONU visa uma federação bicomunal e bizonal, alinhada com as resoluções das Nações Unidas e os princípios da União Europeia, fomentando paz, estabilidade e prosperidade. O atrativo de Chipre reside em seu estilo de vida sereno, economia impulsionada pela inovação e setores diversos, como tecnologia, energia renovável, marítimo e turismo, tornando-o um destino atrativo para profissionais e investidores, apesar dos desafios globais.

República Tcheca

O momento histórico de adesão à União Europeia em 2004 representa para a República Tcheca o caminho de volta à Europa e o papel na construção do continente forte e unido. Para o país, a entrada na UE simbolizou tanto desafio quanto oportunidade —o desafio de formar parte do projeto de integração europeia e a oportunidade de concluir o processo de transição democrática. Durante os 20 anos, a República Tcheca virou membro de pleno direito da família europeia, o que fortaleceu a estabilidade, a segurança e a situação econômica do país.

Os benefícios para os Estados-membros abrangem apoio financeiro para o investimento em infraestrutura, educação, inovações, digitalização ou desenvolvimento regional. Os cidadãos tchecos podem trabalhar, viajar e estudar livremente em todos os países da UE.

Eslováquia

A Eslováquia, um país no centro da Europa, tornou-se plenamente independente em 1º de janeiro de 1993, após a dissolução pacífica da Tchecoslováquia. A adesão à UE em 2004 representa a vontade da Eslováquia de ser parte ativa do bloco de prosperidade, solidariedade e valores. Um dos benefícios mais importantes está no apoio da UE à criação e implementação de boas políticas públicas para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida dos povos. Em números: o passaporte eslovaco é o nono passaporte mais forte do mundo, e fazer parte do mercado único europeu contribuiu para o aumento do PIB da Eslováquia, cuja economia é aberta e baseada na exportação em mais de 15%. O país recebeu mais de 24 bilhões de euros nos pagamentos líquidos dos programas da UE.

A UE ajudou a Eslováquia a enfrentar períodos difíceis: Covid-19, crise energética, crise econômica e os efeitos da Guerra da Ucrânia. E continuaremos enfrentando crises juntos, encontrando soluções sempre da melhor forma: sentados em uma mesa para dialogar e atuar.

Eslovênia

Ao longo da história, nós, eslovenos, sonhamos com um país que pudéssemos chamar de nosso. Com as mudanças na Europa, fizemos um plebiscito sobre a independência em 1990. Com o primeiro sopro de liberdade, foi tomada a decisão de aderir à Europa democrática e, após um longo processo de transição para a economia de mercado e para a governança democrática e moderna, a Eslovênia se juntou à União Europeia em 2004. A adesão à UE ofereceu mais segurança e estabilidade numa Europa sem fronteiras ,que trouxe um crescimento à economia, ampliando as possibilidades para seus cidadãos, além de provar ser um trampolim para a Eslovênia e os eslovenos —e uma oportunidade de fortalecer os laços com a Europa e com o mundo.

Hungria

A Hungria é um país europeu que integra o Ocidente cristão há mais de mil anos. Se considerarmos dessa forma, o que ocorreu há 20 anos foi simplesmente um retorno ao lugar ao qual sempre fizemos parte. O modelo de integração baseado no respeito mútuo e na igualdade dos Estados-membros resistirá aos testes, porque nossa conexão europeia é o destino comum nos unem. Nesse espírito, no segundo semestre deste ano, na qualidade de presidente do Conselho da União Europeia, a Hungria desempenhará a tarefa em benefício da comunidade, valendo-se de toda a experiência adquirida em seus 20 anos de adesão à UE.

Letônia

A adesão da Letônia à União Europeia e à Otan, há 20 anos, significou de fato um regresso à família das nações democráticas após 50 anos de ocupação soviética. Nos últimos 20 anos, graças à adesão à UE, o poder de compra dos nossos cidadãos duplicou, o investimento direto estrangeiro aumentou dez vezes e o nosso PIB triplicou. E ainda mais importante: como membro da UE, a Letônia ganhou mais visibilidade no cenário mundial, contribuindo para a resolução de desafios globais e para a defesa da ordem baseada em regras internacionais.

Lituânia

Quando a Lituânia recuperou sua independência em 1990, não tinha dúvidas sobre seu caminho futuro. O povo da Lituânia expressou claramente sua vontade de se juntar à família de países europeus democráticos no referendo de 2003, com 91% de votos a favor de adesão à União Europeia. Após 20 anos de filiação à UE, incluindo a Otan, a Lituânia está confiante de que fez a escolha certa, pois somente com a união de países que compartilham os mesmos valores podemos garantir a segurança e a prosperidade na Europa, os direitos das pessoas e a liberdade de movimento. Temos orgulho das conquistas da União Europeia, da Otan e de nós mesmos!

Malta

A adesão de Malta à União Europeia não foi fácil. Localizada no centro do Mediterrâneo, Malta esteve durante milênios na encruzilhada de diversas políticas, economia e cultural. Anos de intenso debate ocorreram antes de Malta votar pela adesão à União Europeia. Após os primeiros anos de custos crescentes, os benefícios começaram a ser concretizados, e o país respondeu ao desafio do seu papel responsável como parceiro igual na grande entidade política e econômica de uma Europa unida. Além disso, os fundos da União Europeia ajudaram a melhorar as infraestruturas e o nível de vida da nação. Após 20 anos, não há como Malta voltar para trás.

Polônia

O balanço de duas décadas da adesão da Polônia à União Europeia é indiscutivelmente positivo. Esse foi o melhor período de desenvolvimento do país em sua história. A entrada na União Europeia significou a abertura do mercado para comércio e investimentos, fundos para modernização (mais de 161 bilhões de euros para investimentos em transporte, energia, proteção ambiental, inovação e desenvolvimento empresarial, além de toda a esfera social), aumento da segurança e estabilidade política e padronização de regulamentos, bem como livre circulação de capital, pessoas e serviços. Os efeitos mais importantes incluem o rápido desenvolvimento econômico (a Polônia é atualmente a 6ª maior economia da União Europeia e a 20ª no mundo), a melhoria do padrão de vida dos cidadãos, o aumento da participação da Polônia nos processos de tomada de decisão na arena internacional e a garantia de influência na formação da política europeia.

Vasilios Philippou
Embaixador da República do Chipre

Pavla Havrlíková
Embaixadora da República Tcheca

Katarína Tomková
Embaixadora da República da Eslováquia

Mateja Kračun
Embaixadora da República da Eslovênia

Miklós Halmai
Embaixador da Hungria

Alda Vanaga
Embaixadora da República da Letônia

Audra Čiapiene
Cônsul-geral da República da Lituânia

John Aquilina
Embaixador da República de Malta

Bogna Janke
Embaixadora da República da Polônia


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