Quase três anos após os primeiros casos da doença terem sido detectados na China, a Covid-19 felizmente já não representa, hoje, o mesmo flagelo de outrora. Mas a moléstia permanece circulando entre nós, gerando novas ondas de infecções e deixando em estado de alerta as autoridades sanitárias.
É o que se verifica atualmente em diversas partes da Europa, da Ásia e nos Estados Unidos.
Segundo o informe mais recente da Organização Mundial da Saúde, a média de novos casos tem-se mantido acima do alto patamar de 300 por 100 mil habitantes na Alemanha, na França e na Itália, bem como na Coreia do Sul e na Nova Zelândia. Já os EUA vêm liderando com folga o ranking de mortes.
No Brasil, ainda que numa escala menor, a variação de diversos indicadores sugere a chegada de uma nova onda da doença, embora, graças à vacinação, sem dúvida menor que no passado.
Levantamento do Instituto Todos Pela Saúde mostra que, no último mês, a taxa de exames positivos para a Covid-19 no país passou de 3% para 17%. Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro foram os estados onde o índice apresentou crescimento mais expressivo.
Essa tendência também é corroborada pelo salto da taxa de reprodução do coronavírus, o chamado Rt, que indica a velocidade com que a moléstia avança. Do dia 10 de outubro para cá, esse número passou de 0,68 para 0,91.
Um índice superior a 1 indica que cada 100 infectados, por exemplo, transmitem o vírus para uma quantidade ainda maior de pessoas.
Ou seja, o número de casos está aumentando, como mostram as internações em UTI no estado de São Paulo, que, na segunda metade de outubro, saltaram 46%.
Como não há registro do aparecimento de novas linhagens mais transmissíveis, a maior circulação de pessoas nas últimas semanas, em razão do período eleitoral e do crescente retorno do trabalho presencial, constitui a explicação mais plausível para o aumento.
Independentemente de qualquer hipótese, a melhor estratégia para lidar com a ameaça rediviva é o reforço da vacinação.
É urgente, portanto, avançar na administração da terceira dose, crucial para manter elevados os níveis de proteção. Hoje, o índice encontra-se em 65% do público elegível. Mais preocupante ainda é a imunização infantil: somente 35% das crianças de 3 a 11 anos completaram o esquema vacinal básico.
Um esforço para elevar mais rapidamente esses percentuais pode representar um fim de ano mais seguro e tranquilo para a população.
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