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Israel em círculos

Fragmentação partidária e instabilidade devem levar Netanyahu de volta ao poder

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Binyamin Netanyahu, que pode voltar ao poder em Israel - Ronen Zvulun/Reuters

Foi com um sentimento de déjà-vu que os israelenses se apresentaram às urnas, na terça-feira (1º), para a escolha de um novo primeiro-ministro. No quinto pleito desde 2019, o mais longevo político a ocupar o cargo na história do país pode voltar ao poder.

Binyamin Netanyahu conseguiu demonstrar força mais uma vez, levando seu partido à vitória. Entretanto, ainda não se sabe se a coalizão encabeçada pelo Likud conquistará a maioria dos 120 assentos do Knesset, o Parlamento de Israel.

Com quase 90% dos votos apurados nesta quarta (2), as projeções indicam que a aliança do ex-premiê pode obter até 65 cadeiras. Tamanha é a fragmentação partidária do país, no entanto, que os números da boca de urna correm o risco de não indicarem o resultado.

Netanyahu passou 15 anos no poder, dos quais 12 consecutivos. Se as projeções se confirmarem, o ex-primeiro ministro retomará o posto perdido em março de 2021, quando um bloco bastante heterogêneo de legendas conquistou a liderança do país.

A única certeza, até o momento, é que a eleição israelense marcou um avanço inaudito de partidos radicais de direita —que completam a coalização com o Likud.

O Sionismo Religioso deve se tornar a terceira força política do país, ao crescer das atuais 7 cadeiras para 14, enquanto as formações judaicas ultraortodoxas Shas e Judaísmo da Torá poderão amealhar 11 e 8 assentos, respectivamente.

Para analistas, o crescimento da aliança religiosa ultranacionalista pode ser compreendida tanto como uma reação dos eleitores à inédita ascensão de partidos árabes, ocorrida no pleito anterior, quanto reflexo de inquietações advindas de um momento de tensão maior com a comunidade palestina.

O Sionismo Religioso notabilizou-se, ao longo da campanha, por uma postura populista e agressiva contra a população árabe, ao prometer acabar com a autonomia palestina em partes da Cisjordânia ocupada, conceder imunidade legal a soldados que atirarem em palestinos e expulsar cidadãos árabes que não jurarem lealdade a Israel.

Embora Netanyahu tenha adotado um tom conciliatório ao fim da votação, um novo governo liderado por ele provavelmente deverá adotar uma política linha-dura conservadora a fim de preservar a aliança com o campo radical.

Sua vitória, ademais, a se dar por margem estreita, dificilmente será capaz de afastar a instabilidade que, nos últimos anos, vem dando as cartas na política de Israel.

editoriais@grupofolha.com.br

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