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O que a Folha pensa desmatamento

Diálogo retomado

Não se justifica decepção com saldo da visita de Lula a Biden na pauta ambiental

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden, na Casa Branca, em Washington (EUA) - Alex Brandon/POOL/AFP

Seria equívoco avaliar o saldo ambiental do encontro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Joe Biden, em Washington, só pela ausência de uma quantia específica de doação para o Fundo Amazônia. Claro está que um aporte volumoso teria impacto simbólico, mas não era imprescindível para marcar a reabertura da parceria.

Mais importante foi retomar a colaboração entre dois gigantes territoriais das Américas em prol do clima planetário. Grupos de trabalho dos governos voltam a reunir-se para traçar iniciativas conjuntas. E os EUA prometem dar contribuição financeira, inclusive um depósito inicial para o fundo.

Biden não tinha por que comprometer-se com investimento bilionário num programa de combate ao desmatamento que ainda está em preparo por uma administração que havia assumido apenas sete semanas antes. Ele sabe, assim como Lula, que de pronto não falta dinheiro no Fundo Amazônia.

Há mais de R$ 3 bilhões estacionados ali, após a paralisação pelo então ministro Ricardo Salles, subserviente ao nacionalismo antiambiental de Jair Bolsonaro (PL). A dupla não se limitou a hostilizar doadores, como Noruega e Alemanha, e terminou por inviabilizar a governança dos recursos pelo BNDES.

O busílis, doravante, está em desfazer o estrago ocasionado pelo governo Bolsonaro, que deliberadamente desmontou as instituições de fiscalização e incentivou o quanto pôde grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais.

No período da mais acentuada redução de desmatamento, de 2005 a 2014, iniciado na primeira passagem de Marina Silva (Rede) pela pasta do Meio Ambiente, decisivas foram não só as verbas, mas medidas como restrições de crédito para infratores. Os valores só começaram a fluir para o Ibama quando já se colhiam resultados.

Recompor os quadros desses órgãos e coordenar as diversas pastas envolvidas num plano operacional exequível são os desafios mais urgentes de Marina.

Novos aportes ao Fundo Amazônia farão efeito mais à frente, financiando projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia que possam gerar e distribuir renda na região a ponto de rivalizar com a exploração imediatista e predatória dos recursos naturais.

Até lá, haverá tempo para Biden ou outro presidente americano demonstrar seu real engajamento numa aliança global pelas florestas e pelo clima.

editoriais@grupofolha.com

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