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O que a Folha pensa desmatamento

Amazônia unida

Cúpula da região deve tratar de temas como desmatamento e exploração de petróleo

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Vista aérea do rio Aguarico, na região amazônica entre Equador e Peru - Pedro Pardo/AFP

A cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica começa na terça-feira (8) em Belém do Pará. Boa oportunidade para o Itamaraty seguir com a reativação, no âmbito regional, da liderança na pauta ambiental dilapidada por Jair Bolsonaro (PL).

Em 2025, a capital paraense também sediará a COP30. A trigésima edição da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima será decisiva para enfrentar o aquecimento da atmosfera, que já produz eventos extremos como a onda de calor em regiões do hemisfério Norte.

A maior contribuição brasileira para a crise climática vem do desmatamento da Amazônia e do cerrado —sem contar a devastação da mata atlântica no século anterior.
Cerca de 40% da floresta amazônica está presente em outros sete países: Bolívia, Colômbia, Equador,

Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O governo brasileiro se comprometeu a reduzir a zero o desmatamento até 2030, mas convém ampliar e repartir o impacto dessa estratégia engajando os participantes da cúpula no esforço.

Uma proposta é adotar metas comuns para diminuir o corte raso da mata, que libera carbono na atmosfera. Nem todas as nações amazônicas pactuaram com a diminuição de emissões florestais, mas deveriam seguir o exemplo do maior país da América do Sul.

Há outros ruídos, como o relacionado à exploração de petróleo, fonte de combustíveis fósseis (gasolina, diesel e gás natural) cuja queima emite gases do efeito estufa. O presidente colombiano, Gustavo Petro, cobra de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definição quanto a sustar novos projetos de extração, ao menos na Amazônia.

O Planalto não se posicionou, e a Petrobras mantém planos de perfurar poços na foz do rio Amazonas. Em maio, o Ibama recusou licença para as obras; a estatal, porém, anunciou que vai insistir.

Não se trata de ideologia, ambientalista ou antiambientalista, mas de tomar decisões técnicas sopesando benefícios e malefícios da extração. Em face da ameaça representada ao clima da Terra, e em nome da coerência com o objetivo de desmatamento zero, cabe a Brasília o ônus da prova.

Dito de outro modo, Lula precisa convencer a opinião pública, dentro e fora do país, de que a produção de petróleo novo é tão imprescindível quanto conciliável com a redução das emissões brasileiras, na medida justa e suficiente para eliminar sua contribuição às mudanças devastadoras do clima.

O mundo precisa descarbonizar toda a economia até 2050, e nenhuma nação pode se omitir.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

A versão inicial deste editorial afirmava incorretamente que a meta global para 2050 era reduzir em 50% as emissões de carbono. O correto é 100%, como consta do texto já corrigido.

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