Descrição de chapéu
Mayra Ivanoff Lora

Novo ensino médio e as trajetórias individuais

Escolas devem observar ritmo de aprendizado, perspectivas e contexto social

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mayra Ivanoff Lora

Doutora em estatística (USP), é diretora pedagógica do Colégio Bandeirantes, em São Paulo

A educação é o alicerce para o desenvolvimento da sociedade, representando o avanço das civilizações. Ela requer adaptações à medida que o mundo passa por transformações culturais, ambientais, econômicas, políticas e sociais.

Mais do que simplesmente fornecer ensino de excelência, é imperativo promover uma educação que se conecte com nossos jovens, colocando-os no centro das decisões e apoiando-os com ferramentas que os capacitem a se tornarem cidadãos críticos e ativos.

No último ano, temas como o novo ensino médio e as mudanças no Enem têm dominado as discussões sobre educação. Mas até quando ficaremos apenas no campo das ideias? Compreendemos que o caminho à frente é longo e cheio de desafios, mas, a menos que assumamos uma abordagem proativa e tomemos medidas concretas para uma implementação eficaz, não alcançaremos progresso algum.

Possuímos evidências concretas de que o conceito subjacente ao novo ensino médio é sólido e traz benefícios significativos para os jovens. No entanto, não podemos deixar de considerar que o Brasil é um país de dimensões continentais, com profundas diferenças culturais, sociais e econômicas.

Por isso, devemos nos perguntar: todas as escolas estão preparadas para adotar o novo ensino médio? Todos os alunos realmente se beneficiam desse tipo de aprendizado?

Certamente, é necessário um amplo debate para responder a todas essas perguntas, mas não podemos permanecer apenas no âmbito teórico. Tanto as reformas educacionais quanto as mudanças no Enem e a integração de materiais didáticos digitais são passos importantes em direção à evolução necessária. Agora, precisamos compreender como essa evolução será efetivada.

Acreditamos que o primeiro passo é reconhecer que as escolas devem levar em consideração o interesse individual de cada estudante, suas perspectivas, seu ritmo de aprendizado e também o contexto de sua comunidade local. Porém, as escolas não podem deixar de ter metas de aprendizado e desenvolvimento, com marcos importantes, de forma a acompanhar o desenvolvimento dos seus estudantes. Essa é uma balança que nem sempre é simples de ser equilibrada.

Precisamos apoiar os jovens e orientá-los na exploração de todas as possíveis trajetórias. Portanto, é essencial que os professores sejam formados não apenas em relação às metodologias de ensino, mas também em relação ao ambiente em que esses jovens estão inseridos. Eles desempenham um papel fundamental na compreensão de que a educação é apenas uma das muitas escolhas que os alunos farão na vida. Não é o fim, mas sim o começo.

Além disso, um acompanhamento personalizado de todos os estudantes, apoiado pela tecnologia, pode fornecer uma educação adaptada às suas necessidades e objetivos acadêmicos, permitindo que cada um defina a melhor rota de aprendizado focada em seu desenvolvimento cognitivo, intelectual e social, sempre se mantendo nas metas mais amplas a serem atingidas por todos.

Equilibrar essa balança demanda excelência acadêmica, formação de professores e incentivo ao desenvolvimento da autonomia dos estudantes para que eles possam tomar decisões cada vez melhores.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.