A edição do tradicional Global Entrepreneurship Monitor 2022/2023 confirmou o que já é conhecido por aqui: o brasileiro é um empreendedor nato, que se revela mesmo quando empreende por necessidade.
Feito em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), o levantamento aponta que 60% dos brasileiros sonham ter o próprio negócio. O patamar é recorde para a pesquisa realizada há 23 anos.
Essa aspiração se manifesta nos números de novas inscrições no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). De janeiro a julho deste ano, foram abertas 2,4 milhões de empresas no país, das quais 1,8 milhão são microempreendedores individuais (MEIs).
Acredito restarem poucas dúvidas sobre a importância do empreendedorismo como recurso capaz de impulsionar soluções que afetam positivamente as condições de vida e de desenvolvimento das pessoas e da sociedade.
O que precisa ser entendido como um sinal de alerta é o expressivo número de encerramento de empresas no mesmo intervalo: 1,3 milhão, sendo 971 mil MEIs. Ou seja, quase um milhão de brasileiros (sendo que uma parte deles ainda emprega uma pessoa) abandonou o negócio próprio, a formalidade e o acesso a benefícios sociais e previdenciários.
Os motivos para o fechamento dessas empresas são variados. Mas muitos, certamente, poderiam ser evitados ou superados se mais empresários tivessem acesso a um ativo valiosíssimo, o conhecimento.
O trabalho desenvolvido pela Besouro de Fomento Social, dentro e fora do Brasil, é pensado e executado para melhorar as condições de vida de pessoas, especialmente das que estão na base da pirâmide social. Temos a convicção de que é por meio da educação empreendedora que essas milhares de micro e pequenas iniciativas terão chance de serem viáveis e resilientes.
A experiência acumulada em mais de cinco anos confirma que o repasse de saberes básicos sobre gestão e administração de empresas traz benefícios contundentes aos participantes. De cada 10 pessoas que passam pelo processo de capacitação, sete abrem uma empresa. E, 12 meses depois, 56% permanecem funcionado (acima da média nacional de 30% para cinco anos, segundo o Sebrae).
Além de saírem dos cursos mais bem preparados tecnicamente, os alunos mudam a percepção sobre si próprios, valorizando e respeitando suas vocações e seus desejos.
No entanto, persiste, no Brasil e no mundo, a desigualdade no acesso a recursos importantes ao empreendedorismo. Por isso, neste 5 de outubro, Dia do Empreendedor, reforçamos o compromisso de trabalhar para multiplicar oportunidades que contribuam para o êxito de quem quer ou precisa se dedicar ao próprio negócio.
Empreender sempre exige e desafia, mas também inspira, enobrece e é capaz de transformar realidades.
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