Descrição de chapéu
VÁRIOS AUTORES

Empreendedorismo para o desenvolvimento e a inclusão

Mundo digital permite construir o que favorece as populações mais pobres

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)

O Brasil completa 522 anos, período em que sua economia foi dominada por vastos recursos naturais. Em 75% deste tempo, a escravidão foi a base econômica, e em 60% perdurou o analfabetismo oficial.

Esses fatores foram determinantes para o desenvolvimento de uma cultura de busca de empregos, de preferência públicos. Quando olhamos para as grandes companhias brasileiras, observamos que, na sua esmagadora maioria, têm origem em famílias de imigrantes que chegaram ao Brasil a partir do final do século 19.

Não é segredo para ninguém que o desenvolvimento econômico de um país depende da criação de companhias que sejam capazes de gerar novidades, empregos e crescimento. No caso do Brasil, chegamos no século 21 sem que, no dicionário Aurélio, encontrássemos a palavra empreendedorismo.

A tecnologia digital favorece a rapidez de desenvolvimento de empresas —basta ver que, dentre as dez maiores companhias do mundo em valor de mercado, metade delas não existia há 30 anos.

Não podemos nos enganar achando que os "unicórnios", que surgiram no Brasil nos últimos anos, foram capazes de nos inserir no mundo atual. Embora nos orgulhemos deles, são muito poucos para um país com as dimensões brasileiras.

O incentivo ao empreendedorismo constitui uma das grandes alavancas para resolver as questões sociais. Além de gerar empregos, a enorme importância do empreendedorismo está em permitir que pessoas, de todos os extratos sociais, possam desenvolver suas habilidades e capacidades intelectuais.

O maior ativo do Brasil são seus 215 milhões de cérebros. Portanto, há uma imensa probabilidade de que os futuros empresários disruptivos saiam das classes menos favorecidas, desde que devidamente educadas e incentivadas.

Diversos países, tais como Reino Unido e Israel, dentre outros, entenderam que o apoio ao empreendedorismo é a chave para o futuro. No Brasil, precisamos de uma mudança cultural abrangente, que nos leve nessa direção. Vai levar tempo, mas o processo precisa começar com urgência, com o poder público e o ecossistema de empreendedorismo unidos em iniciativas que promovam a diversidade e a inclusão e o incentivo a negócios liderados por pessoas de todos os espectros sociedade.

Acreditamos que a pequena empresa é a "cellula mater" do desenvolvimento do país e que cabe ao Estado incentivá-la. Em Uma Agenda Inadiável, elaborada pelo Derrubando Muros, listamos seis ações que podem servir de ponto de partida, no Brasil:

1 - Uso da tecnologia para facilitar, simplificar, baratear e tornar transparente a relação do Estado com as empresas;

2 - Suavizar a transição de faixas tributárias, de forma a incentivar o crescimento de empresas a partir do momento da sua criação;

3 - Educar as pessoas desde o ensino primário, porque empreender tem método, não é apenas um dom. Além disso, promover o treinamento das pessoas para a área de tecnologia digital, uma vez que sabemos que esse é um dos maiores gargalos para o crescimento e inovação dos novos negócios;

4 - Combate sistêmico à assimetria de informação, que hoje faz com que apenas empreendedores, com algum "capital social", redes de contatos ou acesso privilegiado saibam como captar recursos ou se beneficiar de programas públicos e público-privados de acesso à capital, inovação, importação e exportação, dentre outros;

5 - Incentivo ao capital privado de risco e a criação e fomento de programas, com critérios objetivos, que alavanquem recursos do BNDES e de demais bancos públicos para empresas de alta performance —as que normalmente escapam dos programas para micro e pequenas empresas— e cadeias de indústria;

6 - Transferência de tecnologia facilitada entre universidades e empresas, permitindo que as companhias possam contratar ou participar de iniciativas de desenvolvimento de produtos com pesquisadores —escalar o Pipe Empreendedor da Fapesp para todo o Brasil.

O momento é único nas nossas vidas. Afinal, o mundo digital nos permite construir, com ideias mais do que com recursos, o que favorece as populações mais pobres.

Acreditamos que empreendedorismo não é apenas um capítulo da economia. Empreendedorismo é um importante pilar para promover oportunidades iguais a todos os cidadãos.

Fersen Lambranho
Chairman da GP Investments;


Marilia Rocca
Paulo Veras
Rodrigo Teles
Juliano Seabra
Camilla Junqueira

Sucessivamente, diretores-gerais da Endeavor Brasil entre 2000 e 2022

*Lambranho e Seabra são integrantes do Derrubando Muros e colaboradores da publicação Uma Agenda Inadiável

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.