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O que a Folha pensa mudança climática

Clima europeu

Protestos agrícolas podem ameaçar negociações e metas contra aquecimento

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Agricultores bloqueiam a entrada do Parlamento Europeu com tratores durante protesto em Bruxelas (Bélgica) - Yves Herman/Reuters

Outrora na vanguarda da adoção de medidas para conter a crise do clima, a União Europeia (UE) se avizinha de uma encruzilhada. A ambição verde arrisca arrefecer sob a pressão de tendências políticas.

A maior fatia da energia produzida na região é renovável (40,8%), como usinas eólicas e fotovoltaicas, seguida da nuclear (31,2%). Ou seja, 72% emite níveis desprezíveis de gases que causam o efeito estufa.

Outros 25% vêm de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), principais emissores de carbono. Mas essa fatia sobe a 70,9% quando se computam as importações, como a do gás natural russo.

A média mundial de energia oriunda de combustíveis fósseis é de 80,3%. Na China, maior emissor de carbono, 82%; no Brasil, 50,8%.

A dificuldade de alguns setores da em substituir a parcela restante de não renováveis da UE por fontes limpas tem gerado resistência à transição, assim mostram os protestos explosivos de agricultores.

Reivindicam-se travas para preços de combustíveis e para exigências ambientais na produção.

O setor rural obteve vitória recente quando a Comissão Europeia divulgou o plano de cortar em 90% até 2040 suas emissões. A meta intermediária visa a descarbonização completa em 2050, como exigido pelo objetivo de conter o aquecimento no limite de 1,5ºC.

Combustíveis fósseis estão no fulcro das reduções. Mas o plano original da comissão era também cortar em 30% a geração de metano e compostos de nitrogênio, ligados à atividade agrícola. A medida, porém, acabou ficando de fora na tentativa de acalmar os ânimos.

O temor é que a revolta de um grupo propenso ao conservadorismo infle partidos e líderes da direita populista em eleições. Essa deriva já ajudou a eleger negacionistas como Donald Trump, Jair Bolsonaro e Javier Milei.

Com a possível volta de Trump ao à Casa Branca, uma reviravolta na UE alteraria o balanço de poder nas negociações sobre o clima. Não estancaria a marcha da descarbonização, mas poderia atrasá-la ainda mais—quando é de máxima urgência que se necessita hoje.

editoriais@grupofolha.com.br

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