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O que a Folha pensa Rússia

Crise na Ucrânia

Presidente troca chefe militar; há dúvidas sobre capacidade de conter a Rússia

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Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, e Valeri Zalujnino, ex-comandante das Forças Armadas do país - Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia/AFP

Em uma fotografia distribuída nesta quinta (8) pelo governo da Ucrânia, o presidente Volodimir Zelenski aparece de mãos dadas e dividindo um sorriso otimista com o general Valeri Zalujni, o comandante das Forças Armadas do país invadido pela Rússia há quase dois anos.

Há meses não se via cena semelhante, pelo motivo daquela encenação: após crescentes desavenças públicas, o mandatário acabara de demitir o chefe militar, a quem tinha pedido sem sucesso que entregasse o cargo de forma voluntária.

O teatro é revelador do estado de espírito relatado em Kiev por esses dias, os piores desde que o russo Vladimir Putin resolveu rasgar a lei internacional e atacar seu vizinho menor como se estivesse na Europa dos anos 1930.

O general ressentiu-se da crescente vontade do presidente, embevecido pela admiração mundial auferida pela sua heroica resistência à agressão russa, de decidir sobre temas militares.

E Zelenski enxerga Zalujni como uma estrela política em ascensão, talvez até um rival no dia em que a Ucrânia voltar a ter eleições.

O azedume político é temperado pela desconfiança, entre os aliados ocidentais de Kiev, de que os ucranianos não terão como ganhar a guerra ou mesmo conter o apetite territorial já vigente em Moscou.

É um ciclo vicioso. A tentativa de volta à Casa Branca por parte de Donald Trump levou o Partido Republicano a barrar iniciativas do governo democrata de Joe Biden para aprovar um pacote de apoio militar de R$ 300 bilhões. É uma novela que se arrasta desde dezembro, sem fim à vista.

A Europa aprovou uma ajuda progressiva de R$ 270 bilhões, mas ela mira a economia, não o fornecimento de novos armamentos.

O cenário favorece os russos, que hoje já têm vantagem de 5 para 1 em termos de artilharia, e estão saturando as defesas aéreas ucranianas com ondas de bombardeios.

O substituto de Zalujni será o chefe do Exército, visando evitar assim uma debacle na moral das tropas. Porém isso já é realidade em campo, dada a reversão na expectativa vendida por Kiev de que entraria 2024 na dianteira. O tempo corre contra Volodimir Zelenski.

editoriais@grupofolha.com.br

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