A mais recente pesquisa do Datafolha sobre a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou estabilidade, em um eleitorado dividido em três partes de dimensões bastante parecidas.
Consideram o governo do petista ótimo ou bom 35% dos brasileiros aptos a votar; outros 33% o classificam como ruim ou péssimo; para 30%, é regular. São números muito semelhantes aos do levantamento anterior, de junho, com alguma piora na margem de erro —antes, detectaram-se aprovação de 36% e reprovação de 31%.
Causa espécie que os percentuais também sejam similares aos obtidos por Jair Bolsonaro (PL) à mesma altura de seu mandato. Em agosto de 2020, o então presidente da República marcava 37% de ótimo/bom, 34% de ruim/péssimo e 27% de regular.
É notável que esses índices tenham sido registrados sob o impacto devastador da pandemia de Covid-19 sobre a saúde pública e a atividade econômica, tratado à base de negacionismo por Bolsonaro. À primeira vista, trata-se de uma comparação vexatória para Lula.
Cabe ponderar, entretanto, que naquele período a popularidade presidencial havia sido inflada, ao que tudo indica, pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 mensais —uma medida tomada pelo Congresso, mas que de todo modo favoreceu o Planalto.
Até ali, aquela era a melhor avaliação atribuída pelos eleitores a Bolsonaro. Nos meses seguintes, de desastrosa resposta à pandemia e ataques golpistas às instituições, a reprovação ao mandatário subiria até um pico de 53% em setembro e dezembro de 2021.
Ao final do governo, contudo, o prestígio estava recuperado, com 39% de ótimo/bom e 37% de ruim/péssimo, apontando uma polarização da sociedade que também se reflete no escrutínio de Lula.
Desde o início do ano passado, as pesquisas do Datafolha mostram variações pequenas, em geral na margem de erro ou próximas dela, no julgamento do governo petista —melhoras e pioras da economia, declarações polêmicas e tensões políticas surtiram efeito pequeno no panorama.
É verdade que nesta administração não houve, até agora, momentos agudos de crise nem de euforia. Mas parece razoável imaginar que preferências arraigadas nos dois polos do eleitorado brasileiro tendam a conter mudanças bruscas da popularidade presidencial, para cima ou para baixo.
Não por acaso, tanto Lula como o inelegível Bolsonaro priorizam manter a mobilização de seus apoiadores mais fiéis, atiçando-os contra o campo oposto. No entanto a parcela que resta dos votantes, deixada em segundo plano, pode ser mais uma vez decisiva na disputa.
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