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Lula não se ajuda em momento difícil

Com derrotas no Congresso e queda de popularidade, petista dá declarações desastradas e pouco apresenta em planos

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Gabriela Biló/Folhapress

Havia motivos para imaginar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaria o ano com saldo político positivo, dado que a economia cresceu muito acima do que o previsto.

Mais importante, do ponto de vista do cotidiano, o salário médio crescia ao ritmo de 4% ao ano em janeiro, e o número de pessoas empregadas aumentava 2%. Os benefícios do Bolsa Família avançaram 75% desde o final do governo passado, se considerada tal despesa em relação ao PIB.

Apesar dos preços ainda altos dos alimentos, a inflação em geral diminuiu; baixam as taxas de juros. Mesmo minoritário, o governo conseguiu aprovar projetos importantes no Congresso em 2023. Ainda não há no horizonte liderança que agregue a oposição e desponte como candidatura possível em 2026.

O reinício do ano político, porém, foi de azedume parlamentar e derrotas. Parte deste pouco mais de um bimestre foi tomada pela péssima repercussão das declarações desastrosas de Lula sobre Israel.

A tentativa de obter dinheiro de impostos por meio de medida provisória do final de 2023 foi derrotada e depende de renegociações.

Lideranças parlamentares exigiram emendas, cargos e demissões no ministério, a ponto de Lula intervir para acalmar ânimos, enquanto o comando de comissões relevantes do Congresso foi ocupado pela oposição mais radical.

Pesquisas de opinião indicam que está em baixa a avaliação do presidente, queda notável desde meados de 2023, chegando aos menores níveis no terceiro mandato.

É neste cenário mais conturbado que o Planalto tentará aprovar projetos essenciais no Congresso.

É preciso regulamentar a reforma tributária e protegê-la da desfiguração dos lobbies. Em breve, o governo terá de revelar sua reforma do Imposto de Renda e fazer a revisão de gastos de 2024, o que pode ser motivo de conflito interno no Executivo e com o Congresso. A depender da decisão, há risco para as condições financeiras.

O segundo semestre quase inteiro será ocupado por eleições municipais; em 2025 haverá disputa do comando de Câmara e Senado, embate que já afeta os agrupamentos parlamentares.

Em vez de assistir a picuinhas de Lula com empresas públicas e privadas, o país espera esclarecimentos sobre o que se pretende com a vaga política industrial. Mais importante, quer saber dos planos da chamada transição tecnológica verde. O Executivo ainda não disse ao que veio em educação e saúde.

Se a política é como nuvem, cabe ao governo soprar as mais sombrias. Não há tempo a perder com a fábrica de crises gratuitas das declarações presidenciais e a inércia programática. Já se passou mais de um quarto do mandato.

editoriais@grupofolha.com.br

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