'Achava o máximo ela arrumar encrenca com a Igreja', diz leitora sobre Madonna

Folha perguntou a leitores quais foram suas experiências em outros shows da Rainha do Pop

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São Paulo

Celebrando 40 anos de carreira, Madonna encerrou a turnê "The Celebration Tour" no último sábado (4), na praia de Copacabana. Com um público de 1,6 milhão de pessoas e uma estimativa de 150 mil turistas estrangeiros, a Rainha do Pop conseguiu reunir diversas gerações em um só lugar.

A mobilização de pessoas que saíram de suas cidades e seus estados para poderem ouvir as clássicas músicas foi imensa. São fãs que a acompanham ela há décadas ou que a conheceram recentemente. Sua música é passada de geração em geração. Pensando nisso, a Folha pediu para que seus leitores compartilhassem suas histórias com outros shows da Madonna.

A cantora americana Madonna durante o show The Celebration Tour, realizado nas areias da praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. - Adriano Vizoni/Folhapress

A última vez em solo brasileiro tinha sido em 2012, quando passou com a "The MDNA Tour". Contando com sábado, Madonna esteve no Brasil quatro vezes, a primeira em 1993, com a turnê "The Girlie Show". É desse show que Edson Gonçalves, servidor público de São Paulo, tem memória.

"Era o primeiro dia do show da Madonna no Morumbi em 1993. Estava a caminho da USP para o curso de Ciências Sociais, que é à tarde. No trajeto, pensei que era uma oportunidade única e que aulas teriam muitas. Mudei a direção e fui para o show. Ingresso consegui com cambista na entrada. E, no meio daquela multidão, vivi o melhor show da minha juventude. Nesta época ainda lia a Folhateen", conta.

Elaine Cristina de Souza, à época com 23 anos, também estava lá. "Eu e minha irmã passamos o dia na grade aguardando a diva Madonna. Foi emocionante conhecer tantas pessoas diferentes que estavam ali pelo mesmo objetivo, assistir ao show de Madonna que chegava pela primeira vez no Brasil. Foi neste show que ela inventou o ‘oi, galera, bunda suja’", conta a professora.

"Estava um calor infernal e, de repente, ela apareceu para fazer o ensaio, que já foi um show. Depois, o show propriamente dito. Eu estava tão perto dela, tão perto porque naquela época não havia aquela palhaçada de espaço VIP ou premium. Fiquei ali, curtindo a energia dessa artista que atravessou não só o tempo, mas também os preconceitos e paradigmas que motivaram uma geração de artistas da geração vindoura", complementa.

Luciano Watase, produtor musical, também teve a oportunidade de curtir o primeiro show da Rainha do Pop no Brasil. Ele lembra que aquele ano de 1993 foi marcado pela passagem de grandes turnês pelo país: em outubro, Michael Jackson esteve no estádio do Morumbi.

Ele trabalhou no show auxiliando com a comunicação entre o pessoal do som e as centenas de ajudantes brasileiros. "Eu fiquei no palco escondidinho bem próximo à bateria e pronto para empurrar um cenário que ia pra lá e pra cá. Durante o show, a rainha do pop passou umas três vezes ao meu lado, já semi-despida correndo ao camarim para se trocar, sempre com seguranças ao lado", diz.

Em 2008, outras memórias foram criadas. Cristiane Ramos Lopes Pinto conta que foi ao show da turnê "Sticky & Sweet Tour", naquele ano, com sua irmã, seu irmão e mais três amigos. "Era véspera do meu aniversário, levei cartaz, curtimos o show intensamente e o nosso grupo saiu em todas as matérias dos jornais e sites. Ficamos extremamente encantados com o show, Madonna é maravilhosa!", diz.

"Nesse show de 2024 em Copacabana conseguimos juntar todos e iremos juntos ao show! Esperamos conseguir ficar num lugar onde possa ter outras fotos como em 2008", complementa a fã. Isabela Koteski Antunes, de 28 anos, também aproveitou o espetáculo em Copacabana para realizar um antigo desejo: ir ao show da Madonna com sua mãe.

"Em 2008 —quando eu tinha apenas 13 anos —minha mãe ficou entusiasmada com a vinda da Madonna pro Brasil. Como eu era menor de idade, não podia acompanhá-la. Comentei com uma amiga da escola que a minha mãe gostaria de ir, conversa vai, conversa vem, ela falou pra mãe dela que também manifestou muita vontade de ir. Detalhe: elas nem se conheciam, foram se conhecer na rodoviária de Curitiba indo para o show juntas. Após o showzão, elas ficaram superamigas! Anos depois, em 2019, eu pude ver Madonna na turnê 'Madame X' no Brooklyn, sozinha e sem companhia. E agora vamos juntas na cara e na coragem para nosso grande momento mãe e filha."

Claudia Darakjian Tavares Prado teve uma experiência parecida. Em 1993 não conseguiu ir ao show da turnê "The Girlie Show", porque seu filho era pequeno. Por isso, em 2008, não poderia perder o sonho de ver Madonna ao vivo de jeito nenhum.

"Era próximo do Natal, um sábado, trabalhei de manhã. Meu filho, Lipe, o pequeno de 1993, nos levou até o estádio de carro e eu e meu marido entramos. Clima de show, fãs animadíssimos, palcão de Madonna. Chorei! Misto de emoção, de sonho, de alegria. Ela entrou! Uma explosão de energia, catarse. Dancei, cantei, amei. Podia não acabar... mas acabou. Com a energia a mil, eu e Teco voltamos correndo madrugada afora até um McDonald's da avenida JK. Lipe nos buscou. Foi lindo, inesquecível! Viva Madonna!!! Amor, amor!!", conta.

O amor pela cantora atravessa gerações e os fãs de carteirinha tentam acompanhar cada passo que ela dá. Cybele de Freitas Souza fez o que muitos deles apenas sonham: foi em 4 shows da cantora, em 2008 e 2012 no Brasil, em 2016 na Nova Zelândia e em 2019 em Nova York.

"Sou fã da Madonna desde criancinha. Achava o máximo ela arrumar encrenca com a Igreja, ser tão destemida, artística e inteligente. Mesmo sem entender inglês, suas músicas me tocavam de um jeito incrível. Eu sou cantora e performer amadora, e Madonna sempre foi minha inspiração, tanto como artista, quanto como ativista", diz.

Imigrante e desempregada, ela não tinha dinheiro para ir para outra cidade. Mas, acabou vencendo – com ajuda de seus amigos – uma promoção que dava ingressos para as fotos mais curtidas – a dela foi a de uma apresentação incorporando a música "Sooner or Later", feita para o filme Dick Tracy e ganhadora do Oscar de Melhor Canção Original em 1991. "Fui com meu companheiro, muçulmano, embora eu achasse que o show iria chocá-lo."

"Ao chegar no ginásio e ver que ficaria pertinho do palco, comecei a chorar de emoção. O mais perto que a tinha visto era dos telões da pista do Morumbi. E agora, ficaria ali, de pertinho. Tinha levado uma bandeira do Brasil, o que acabou chamando a atenção de Madonna, porque já tínhamos ‘trocado olhares’ durante sua performance, e também porque ela comentou. Explico: ela chamava alguém do público ao palco para fazer parte de sua performance. Apesar de não ter sido escolhida, o rapaz selecionado era brasileiro. Ela então comentou: ‘Tinha uma bandeira do Brasil por aqui’. E apontou para mim. Tenho o vídeo desse momento mágico. E eu, emocionada —e histérica! —gritei em português mesmo: ‘Madonna, eu te amo!’"

"Meu habib ficou, de fato, um tanto chocado, mas também amou o show – principalmente pela visão política e social de Madonna. E eu sempre vou bradar o poder da arte não só na minha vida, mas na vida de tantas pessoas. Express yourself!", diz a gestora de tecnologia.

Confira outras respostas dos leitores a seguir:

Fui ao primeiro show da Celebration Tour no O2 em Londres. Algumas coisas me impressionaram. Como as canções ficaram melhores ao vivo com o passar do tempo. Efeitos especiais tão impressionantes não a tornam obsoleta no palco. Ela usa isso maravilhosamente bem como complemento das músicas. Digo isso porque no atual show do Coldplay, mesmo se eles não estiverem no palco, é um grande show, dada a pirotecnia presente. Efeitos especiais não apagaram a presença de Madonna. E também a incrível capacidade dela de improviso. Em um momento com problema técnico no som por longuíssimos 10 minutos, ela passou a conversar com o público contando histórias de seu passado como baterista e guitarrista, e o show virou uma agradável e aplaudida palestra.
Paulo Pampolin (Londres, Reino Unido)

Foi em Viena, no ano de 2008. Estava fazendo pós-doutorado na Suiça e enfrentei 12 horas de trem, onde encontrei minha amiga brasileira e meu namorado à época. As arquibancadas estavam lotadas e, claro, estava na pista. Nunca iria a uma festa com Madonna pra ficar sentada batendo palminha. Meu par achou que o show iria demorar e foi embora. Eu não, nem minha amiga (nada como celebrar as amizades). Dançamos a noite inteira, junto a um grupo de adolescentes, mais à frente, um casal, ao lado um bando gay frenético e só… A maioria só queria saber de filmar com uma animação letárgica. Madonna bem que tentou levantar a gélida Viena, terminou mais cedo xingando o povo mas a gente se acabou de tanto dançar. De quebra, nos divertimos com a cara dos austríacos vendo nossa performance aos berros cantando junto!
Fabiana de Menezes Soares (Belo Horizonte, MG)

Um Big Dreams! Um sonho e o despertador da liberdade! Foi um dos melhores shows e um efeito visual incrível! O primeiro show da Madonna no Brasil! É histórico e ainda com um registro impagável! Artista completa e sensível! Hoje é o reforço da lembrança! Sempre valerá à pena com Madonna! Viva as Artes!
Luiz de Alcântara (São Paulo, SP)

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