'A voz dele preenche todos os espaços e qualquer vazio', diz leitor sobre Milton Nascimento

Do sentimento de conforto ao timbre, leitores contam quais são suas vozes preferidas e por quê

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São Paulo

Uma voz é capaz de marcar vidas. Seja de pessoas próximas ou distantes, os sentimentos que o som da voz de alguém é capaz de evocar são inúmeros: do amor ao ódio. Em comemoração ao Dia Mundial da Voz, celebrado na última terça-feira (16), a Folha perguntou aos seus leitores quais são suas vozes preferidas e por quê.

Se para algumas pessoas o cheiro é um aspecto da memória, para outras a voz cumpre esse papel. Basta ouvir que a pessoa é transportada para uma lembrança, um momento no tempo, uma saudade. É isso que acontece quando o paulista Eduardo Medeiros, 35, escuta a voz de Milton Nascimento.

"A voz dele preenche todos os espaços de qualquer ambiente, e qualquer vazio nas pessoas. Lembro das viagens de carro que fazia com meus pais na infância. A voz do Milton era a trilha sonora para horas e horas de estrada. Os pensamentos iam longe e, no final do dia, a gente tinha uma sensação boa", conta o advogado.

Milton Nascimento chega para curtir o show de Roger Waters no Engenhão - Victor Chapetta - 28.out.2023/AgNews

Assim como ele, outros leitores citaram a voz do cantor como preferida. Para Olga Defavari, 40, ouvir as canções de Milton é como estar no céu. "Para mim, a voz do Milton vai além do humano, parece algo supremo, celestial, divino. Ele terminou um show em Paranapiacaba cantando ‘A Lua Girou’. Todos foram saindo dali completamente inebriados e em silêncio para melhor apreciar aquela voz. A sensação era a de que estávamos pisando em nuvens ao som de algo definitivamente divino", conta a jornalista, moradora de Santo André, em São Paulo.

Quando escuta Lenine, Ana Estrella Vargas tem um sentimento parecido: o de paz. A servidora pública de São Paulo conta que a voz do cantor remete ao mar, unindo calmaria e força. "Quando era adolescente ouvíamos em casa, com família e amigos, o álbum ‘Olho de Peixe’ a todo volume! Trazia força e alegria. Foi um tempo especial, marcado por essa voz."

Destacam-se também vozes de jornalistas como marcos na memória. A familiaridade e conforto de ouvir alguém todos os dias é o que torna a voz da jornalista Carla Bigatto a preferida de Julio Cezar de Jesus, de 63. Lá de Curitiba, no Paraná, diz que todos os dias liga o rádio no programa matinal da Rádio BandNews FM: "A única pessoa no mundo que eu poderia ficar ouvindo por um dia inteiro."

"Em um tempo difícil que passei, quando escutava a voz do Gilson Monteiro nos programas da Rádio Cultura e nas chamadas da TV, a sensação que tinha é que um amigo próximo falava comigo de uma forma tão agradável e gentil que, de certa forma, me fez acreditar e ter esperança nas pessoas", diz Rafael Ferreira Alfredo, 39, de Sete Lagoas (MG).

Quando escuta a voz do locutor da SporTV Henrique Guidi, Jaci Helena Mafei, 66, lembra de sua neta, e de quando ele cantou o hino do São Paulo. "Minha neta de quase dois anos ainda não falava e, de repente, ao escutar, começou a entoar a melodia. Olhamos surpresos. A alegria foi geral", conta.

A voz preferida da Daniela Gonçalves une jornalismo e parentesco. Seu pai, José Carlos Gonçalves, foi locutor por 30 anos da Rádio FM em Catalão, cidade no interior de Goiás. "A voz mais bonita de todas que já ouvi. Quando estávamos em casa ouvindo rádio, ele mandava músicas e abraços para minha mãe, para mim e meus irmãos", diz a analista de pessoal.

"A voz dele representa sua presença na minha vida". A voz preferida de Adriana Hachiya, 47, é a de seu filho. Conta que, como médica otorrinolaringologista, cuida da voz de vários pacientes, das roucas às finas, ajudando aqueles que não se sentem confortáveis com seu próprio tom ou querem voltar ao original.

Entre todas que vê se transformarem diariamente, a de seu filho é a que mais gosta de acompanhar: "Sua voz conta a história do seu desenvolvimento com ser humano".

Confira abaixo outras respostas enviadas à Folha:

[Minha voz preferida é] da minha filha, Gabriela Amaral Gurgel Silveira. Ela é cantora e me emociona muito, porque além do timbre mezo e soprano, ela interpreta de forma única as músicas que canta. Canta tanto MPB como Blues de forma única. É uma intérprete. Desde que começou a falar, antes dos dois anos, ela me disse que seria artista.
Viviane Amaral Gurgel (Maceió, AL)

Adoro a voz da Natuza Nery, porque é bonita, suave, gostosa de ouvir. Ouço as notícias diariamente no podcast 'O Assunto'. É um jeito suave de ouvir mesmo as notícias mais difíceis de engolir.
Leticia Basso (São Paulo, SP)

Aos quinze anos fazia meu primeiro curso de teatro e a apresentação final ao público foi toda baseada nas músicas de Caetano Veloso que, então, fazia 50 anos. Era o distante "velho" já consagrado que eu não conhecia bem e que descobria com curiosidade sempre crescente. Segui atento aos shows ao vivo e trago a lembrança do único encontro num camarim depois de uma apresentação em Olinda. Invejei um amigo meu que o conhece e com o qual ele deu um abraço apertado. Na minha vez Caetano me confidenciou cansaço e me deu o autógrafo no CD "Livro", o único que pedi na vida. Agora que me aproximo da idade que ele tinha então, dá-se qualquer coisa curiosa e bonita. Suas composições permanecem relevantes.
Rogério Barros Nunes (Recife, PE)

Milton Nascimento, parafraseando: A voz de Deus seria a de Milton. Cantor predileto da minha mãe, que passou essa paixão para mim e para minha irmã e fez nós três conhecermos Belo Horizonte pela primeira vez no seu show de despedida no Mineirão, que também foi mais especial porque teve uma linda homenagem a Gal Costa, que tinha falecido a pouco de tempo.
Ana Carolina El Zouki (São Paulo, SP)

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