A visita ao Brasil do chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, engrossou o caldo de críticas do Ocidente à diplomacia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os Estados Unidos e a União Europeia vêm demonstrando um incômodo crescente com a postura do Brasil frente às grandes disputas geopolíticas.

No final da semana passada, em viagem à China e aos Emirados Árabes, Lula deu uma série de declarações sobre a Guerra da Ucrânia e sobre as relações com Pequim que foram vistas como afronta pela Casa Branca —rival aberto dos chineses.

A recepção a Lavrov, que nesta segunda (17) esteve com o chanceler Mauro Vieira e com o próprio Lula, ampliou a sensação de que o Brasil tem se alinhado a Moscou —oficialmente, o país mantém posição de neutralidade para o conflito no Leste Europeu. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, John Kirby, chamou a postura de Lula de "profundamente problemática" e uma "repetição da propaganda russa".

No Itamaraty, sem citar a guerra, Lavrov disse que Brasil e Rússia têm abordagens similares sobre questões contemporâneas; Vieira criticou sanções impostas a Moscou e afirmou que reiterou o pedido de um cessar-fogo na Ucrânia, reforçando a proposta de um "clube da paz". Mais tarde, ele rebateu as críticas de Kirby.

No Café da Manhã desta terça-feira (18), o repórter da Folha Igor Gielow discute as implicações da visita do chanceler russo ao Brasil e analisa como os movimentos recentes de Lula podem impactar a posição diplomática do país.

O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.

O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gustavo Simon e Magê Flores, com produção de Carolina Moraes, Laila Mouallem e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann.