Acampamento pró-Lula tem chuveiros instalados e pontos de venda e doação

De hora em hora, manifestantes cantam e gritam palavras de ordem pedindo a libertação do ex-presidente

Katna Baran
Curitiba

O clima no acampamento "Lula livre", instalado nos arredores da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, é tranquilo na manhã desta terça-feira (10). De hora em hora, manifestantes cantam e gritam palavras de ordem pedindo a libertação do ex-presidente.

 

Segundo os organizadores, ao menos 1.500 pessoas passam pelo local diariamente, sendo que 300 ficam fixas no acampamento.

Em comparação com o primeiro dia de protestos, o acampamento está mais organizado

Há banheiros e chuveiros instalados, barracas montadas para cada coordenação, e até pontos de venda e doação de suprimentos.

A empresária Marinalva Santana Barbosa de Aguiar possui uma brechó próximo à PF e decidiu montar uma barraca de vendas dentro do acampamento. 

“Essa é uma oportunidade para vender, na que há muitas pessoas". Sobre a prisão de Lula, ela não opina. "Não parei ainda pra pensar, não sei se é bom ou ruim".

O professor Rodrigo Fernandes é um dos manifestantes que integram o acampamento. Ele veio do Rio Grande do Sul, com um grupo de cerca de 30 pessoas. "O acampamento é uma grande manifestação de esperança sobre a ordem instrucional que foi rompida desde o impeachment da presidente Dilma", diz. 

Conforme ele, o sindicato do qual faz parte os apoia com suprimentos, e as tarefas são divididas entre os integrantes. "A ideia é não arredar o pé até que haja uma definição [sobre a prisão do ex-presidente]".

Ainda pela manhã, ocorreu um episódio entre moradores do local e manifestantes: um ônibus acabou enroscando em um poste de luz, deixando a rua sem energia elétrica. Numa breve discussão com manifestantes, uma empresária que faz parte do acampamento se ofereceu para pagar o conserto, com R$ 1.000.

As pessoas que precisam de serviços da Polícia Federal, como retirar passaportes, têm que apresentar comprovantes aos policiais militares que fazem as barreiras previstas no interdito probatório. Também são exigidas credenciais de jornalistas para circularem nas proximidades da sede da PF.

Às 11h30, um manifestante não identificado passou em frente à sede da PF cantando a música "Camarão que dorme a onda leva" e jogou uma garrafa de chá no chão.

MORADORES RECLAMAM

Três moradoras do entorno da sede da Superintendência da Polícia Federal estiveram no final da manhã desta terça-feira (10) na instituição reclamando da situação e da convivência com os manifestantes do acampamento "Lula livre".

"Minha filha estava internada, chegamos ontem à noite em casa e não conseguimos dormir a noite toda. São cantorias, conversas, música, a noite toda", conta a aposentada Silmara Gomes Oliveira.

Ela alega que hoje pela manhã pediu que os manifestantes diminuíssem o barulho, mas foi hostilizada. "Me mandaram ficar quieta, me ameaçaram", diz. Segundo Silmara, um repórter que filmou a ocorrência foi obrigado pelos integrantes do acampamento a apagar os registros.

"A gente quer sossego, quer paz, não posso atender meus clientes em casa, a gente quer dormir. E estamos com medo, são pessoas que dão medo. Se ninguém fizer nada, a população vai começar a dar tiro nesses caras", desabafa a corretora Vivian Comim, que reside com o avô, de 91 anos. "Sempre foi uma região calma e pacífica, agora ele tem que conviver com isso", relata.

Segundo a técnica de laboratório Bárbara Weingartner, os manifestantes encaram os moradores "com cara feia" e os dejetos da rua tem causado problemas nas moradias. "Está tendo manifestação de ratos na minha casa, nunca teve isso. A gente não está conseguindo viver", diz.

A orientação da Polícia Federal foi de registrar boletins de ocorrência das situações. Elas dizem que um responsável da PF afirmou que o acordo com os manifestantes é de que eles podem ficar acampados até quinta-feira (12).

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