'Não vão prender meus sonhos', diz Lula em último ato pré-STF 

Evento no Rio teve participação de viúva de Marielle Franco

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Rio de Janeiro

No último ato antes do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-presidente Lula afirmou na noite desta segunda-feira (2) que quer sua inocência de volta. Ele disse também que uma eventual prisão não irá encarcerar seus pensamentos e sonhos.

“Não estou aqui pelo direito de ser candidato. Eu quero que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência, porque eu quero ser candidato”, disse o petista.

Em ato no Circo Voador, o ex-presidente Lula cumprimenta a mãe de Marielle Franco, vereadora carioca morta a tiros
Em ato no Circo Voador, o ex-presidente Lula cumprimenta a mãe de Marielle Franco, vereadora carioca morta a tiros - Ricardo Borges/Folhapress

“Eles não vão prender meus pensamentos, não vão prender meus sonhos. Se não me deixarem andar, vou andar pelas pernas de vocês. Se não me deixarem falar, falarei pela boca de vocês. Se meu coração deixar de bater, ele baterá no coração de vocês”, disse Lula a um Circo Voador lotado --a capacidade é de 5.000 pessoas.

 

Ele participou do “Ato em defesa da democracia e justiça para Marielle Franco”, no Circo Voador, casa de shows na Lapa, centro do Rio. Este evento foi anunciado como o último evento antes do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) na quarta-feira (4), que vai analisar o habeas corpus da defesa do petista contra a ordem de prisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Condenado por corrupção pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula depende de um habeas corpus do STF para não ser preso. Os ministros se reúnem na quarta-feira (4) para decidir sobre o caso.

Lula voltou a criticar as decisões do juiz Sérgio Moro e dos magistrados do TRF-4 e disse que não aceita a “ditadura do Ministério Público”.

“Eu não estou acima da lei. Quero ser tratado como qualquer cidadão. Quero que eles parem de mentir. Quero ser julgado com base no mérito. Se encontrarem uma prova, eu me calo”, declarou ele.

O STF analisará apenas a constitucionalidade da prisão após acórdão da segunda instância

MARIELLE

Estavam ao lado do petista o cantor Chico Buarque, a pré-candidata à Presidência Manuela D’Ávila (PC do B), membros do PSOL, PSB, PDT e PCO, e a viúva de Marielle Franco, a arquiteta Mônica Benício.

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, pediu aos partidos de esquerda união em torno da pré-candidatura de Lula. Ela disse que o momento é de lutar contra o avanço do que ela classificou como fascismo.

“A história vai nos cobrar por esse momento, pelo enfrentamento das forças do atraso. Temos que lutar pelo Brasil, pelo povo brasileiro, pela democracia, pela nossa Constituição. É isso que o povo espera de nós. Por isso a tarefa mais importante é que a gente forme uma grande e ampla frente democrática e progressista”, disse a senadora.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) defendeu a pré-candidatura de Lula a união dos partidos de esquerda, embora com candidaturas múltiplas.

“A gente está aqui para não termos que contar mais corpos para nos juntar”, disse Freixo, em referência à morte de Marielle, sua ex-assessora.

O ato estava marcado como lançamento da pré-candidatura de Lula à Presidência, Celso Amorim ao governo do Rio e de Lindbergh Farias ao Senado. Mas alterou seu mote para “defesa da democracia”.

Mônica Benício afirmou que o assassinato de Marielle “é só mais um ataque a democracia que estamos vivendo”.

CRÍTICAS

Em seu discurso, Lula responsabilizou indiretamente a TV Globo pela morte da vereadora do PSOL.  "Certamente se a Globo tivesse falado da Marielle em vida 0,5% do que ela falou depois da morte, quem sabe o assassinato não teria acontecido." ​

Também disse que a emissora fez um acordo com o Netflix para a produção da série "O Mecanismo", criticada pela esquerda.

O petista voltou a acusar a TV de responsabilidade na morte do jornalista Tim Lopes, que foi morto por traficantes ao produzir uma reportagem sobre exploração sexual infantil no Complexo do Alemão, em 2002.

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