Temer enfrenta recusas na escolha de substituto de Moreira

Decisão de transferi-lo para pasta de Minas e Energia foi tomada com o intuito de manter seu foro

O presidente Michel Temer dá posse ao novo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco
O presidente Michel Temer dá posse ao novo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco - Pedro Ladeira/Folhapress
Brasília

O presidente Michel Temer tem enfrentado dificuldades para a escolha de um nome para assumir o comando da Secretaria-Geral, umas das pastas da chamada cozinha do Palácio do Planalto, que era ocupada por Moreira Franco. 

Na tentativa de agradar a bancada mineira do MDB, que sempre reclamou por não ter espaço na Esplanada dos Ministérios, ele sondou dois deputados federais do partido, mas ambos não quiseram assumir a estrutura.

Segundo a Folha apurou, tanto Mauro Lopes como Saraiva Felipe recusaram a oferta e disseram que preferem se dedicar às suas campanhas à reeleição.

Na tentativa de dobrar as resistências, Temer se reuniu na noite de segunda-feira (9) com o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, presidente estadual do MDB.

Eles trataram da possibilidade de Mauro Lopes assumir o posto. Nesta terça-feira (10), Andrade tentou convencer o ex-ministro de Dilma Rousseff, mas ele reafirmou a intenção de disputar a reeleição.

Um novo encontro entre Temer e Andrade deve ocorrer ainda na noite de terça. Em conversas com aliados, contudo, Andrade considera improvável que a bancada mineira assuma a pasta.

A bancada mineira é a segunda maior do MDB na Câmara dos Deputados, inferior apenas à bancada carioca. Inicialmente, eles pleiteavam o Ministério de Minas e Energia.

O presidente, contudo, decidiu deslocar Moreira Franco para a pasta, o que causou insatisfação na bancada de Minas Gerais, que considera a Secretaria-Geral uma estrutura pequena.

A decisão de transferir Moreira foi tomada com o intuito de manter seu foro privilegiado.

A pasta da Secretaria-Geral, criada para abrigar o emedebista, é questionada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

A procuradora alega que há inconstitucionalidade na norma que instituiu o ministério. A pasta foi criada por meio de uma medida provisória (MP).

Em junho de 2017, Temer revogou a proposta e editou uma nova MP que recriava o mesmo ministério, o que não seria permitido, de acordo com a sustentação de Dodge.

A transferência para Minas e Energia, que garante o foro privilegiado, foi costurada pelo próprio Moreira.

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