Bolsonaro diz que presença de Barbosa nas pesquisas o desidratava

Pré-candidato afirma que será o principal beneficiado com a desistência do ex-ministro do STF

Carolina Linhares
Belo Horizonte

O pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) diz que será o maior beneficiado com a saída do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (PSB) da campanha eleitoral. 

"Ele começou a aparecer nas pesquisas há mais de ano. O entendimento que eu tinha lá trás é que botavam o nome dele para me desidratar. E desidratou", afirmou o deputado federal antes de uma palestra a empresários do comércio em Belo Horizonte nesta quinta (10).

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) fala em entrevista coletiva em Belo Horizonte
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista coletiva em Belo Horizonte - Carolina Linhares/Folhapress


Segundo Bolsonaro, os votos de Barbosa são votos contra a corrupção e migrarão para ele. 

Sobre a crítica de Barbosa a ele, o deputado voltou a afirmar que o ex-ministro não entende de política. Barbosa havia dito que seus três temores são que Bolsonaro vença a eleição, que Michel Temer (PMDB) continue no poder ou que haja um golpe militar. 

"Se eu sou tão perigoso assim e ele tinha chance de ganhar, que brasileiro é ele que correu?", questionou. Na palestra, Bolsonaro afirmou que Barbosa tem "couro de veludo", ou seja, que não aguentaria as críticas da imprensa.

Bolsonaro, que não esteve presente nos últimos dois eventos que reuniram pré-candidatos à Presidência, afirmou que participará dos principais debates de televisão. "Quero mostrar ali que o Brasil tem jeito", disse.

Ele não se comprometeu, porém, a participar de todos os debates, afirmando que depende do formato de cada um. 

A respeito de suas propostas de governo, o deputado afirmou que flexibilizará o porte de arma de fogo, quer reduzir a carga de impostos e irá governar sem toma lá, dá cá. Ele defendeu a reforma trabalhista, dizendo haver uma escolha entre "menos direitos e mais emprego".

Questionado sobre a eficiência da intervenção federal na segurança do Rio, Bolsonaro afirmou se tratar de uma intervenção política. 

"Não houve planejamento. Até hoje não tem recurso. Não tem uma retaguarda jurídica", disse. "Enquanto continuarmos tratando bandido com fuzil como detentor de direitos humanos, vamos continuar enxugando gelo e aumentando a violência."

Para Bolsonaro, se policiais ou ex-policiais de fato participaram do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), devem ser punidos. "Conclua-se a investigação e, comprovando, pau neles. Ponto final."

Mais cedo, Bolsonaro foi recebido por centenas de apoiadores no aeroporto da Pampulha e se reuniu com o prefeito Alexandre Kalil (PHS). "O sentimento que eu tenho dele é que ele tem uma simpatia muito grande por mim, quase amor", disse o deputado. 

ÍNDIOS E QUILOMBOLAS

O deputado voltou a defender que terras demarcadas como indígenas ou quilombolas sejam exploradas. Para ele, há a possibilidade de que essas áreas ricas em recursos naturais se tornem independentes, o que seria uma perda. 

Mencionando a grande extensão das reservas indígenas questionou: "É justo isso? Eles precisam disso tudo?". 

"Hoje eles vivem às custas do Estado. Queremos eles produzindo", afirmou, negando que a exploração das terras poderia aumentar o desmatamento. 

Segundo ele, os índios querem se integrar à sociedade e são "iguais a nós", mas o governo faz um trabalho que chamou de péssimo ao mantê-los "reclusos na reserva como se fossem um bicho do zoológico". 

"Setenta e cinco por cento [dos índios] têm conhecimento da sociedade e não quer voltar para o mato. Quer ficar na cidade. Ele não quer voltar mais. Ele deixa de ter dor de dente. Deixa de ter vermes na barriga. Não tem mais dor de cabeça. Tira a unha encravada. Tem acesso à energia elétrica. Não faz mais o trabalho braçal na casa de farinha", disse. 

Bolsonaro ainda respondeu que não considera racismo falar que um negro pesa sete arrobas. Ele foi denunciado pela fala a respeito de quilombolas. 

"O que é racismo: é não permitir que um afrodescendente seja promovido ou não entrar no mesmo elevador. Se referir a uma pessoa que eu conheço inclusive dizendo que está pesando sete arrobas? Isso é racismo? Pelo amor de Deus."
 

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