Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Vereador, PM e ex-PM são investigados por morte de Marielle, diz Jungmann

Segundo ministro, apuração sobre o assassinato de vereadora está no final

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Vereadora  Marielle Franco durante entrevista na Cinelândia, no Rio de Janeiro
Vereadora Marielle Franco durante entrevista na Cinelândia, no Rio de Janeiro - Ellis Rua - 9.jan.18/ Associated Press
Luciana Amaral
Brasília | UOL

O ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) afirmou nesta quinta-feira (10) que os homens apontados por uma testemunha como responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, são investigados pela polícia.

Essa testemunha, segundo revelou o jornal O Globo, disse que o crime foi planejado pelo vereador Marcello Siciliano (PHS) e pelo ex-PM Orlando Oliveira de Araújo (hoje preso acusado de chefiar uma milícia). Ambos negam qualquer envolvimento no assassinato. O vereador chamou o depoimento de "totalmente falso". Ele tem como reduto eleitoral o bairro de Vargem Grande, dominado por milícias, que cobram de comerciantes e moradores por serviços.

A testemunha, que prestou três depoimentos à polícia em troca de proteção, trabalhou para um grupo paramilitar e passou detalhes de datas, horários e locais de reuniões nas quais o vereador e o ex-policial teriam planejado o crime. As incursões política de Marielle na Cidade de Deus, área na zona oeste fora do controle de milícias, teria provocado a reação do vereador e do ex-PM, segundo a testemunha. 

Segundo o jornal, a testemunha disse que presenciou quatro conversas entre o vereador e o miliciano (na época em que este estava foragido) e forneceu nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para matar Marielle. Ele disse à polícia que, no carro dos assassinos, havia um policial militar do 16º batalhão (Olaria), um ex-PM da Maré e outros dois homens.

“O que eu posso dizer é que estes e outros todos são investigados e que a investigação no caso Marielle está chegando na sua etapa final. Eu acredito que em breve nós vamos ter resultados”, declarou Jungmann ao ser questionado pela reportagem do UOL, em Brasília.

O ministro lembrou ter falado à imprensa pouco depois do assassinato da vereadora e de seu motorista que “tudo apontava para milícias”, mas disse não haver conclusões sobre a participação das mesmas no crime.

“Não estou dizendo que são esses especificamente. Agora, tenho dois níveis que tenho de observar. Um é o nível do jornalismo e suas informações, que evidentemente têm de ser investigadas. E outra é a própria investigação em si sobre a qual a gente, por óbvios motivos, não tem como ficar aqui comentando”, afirmou.

O crime ocorreu em 14 de março. O carro em que estava Marielle foi atingido quando ela voltava para casa. A vereadora era conhecida por denunciar abusos de policiais e milicianos no estado. 

Na prática, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil, assim, respondem diretamente aos interventores.

Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento como testemunha —entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle atuou.

Na manhã desta quarta-feira, após o depoimento da testemunha ter sido revelado pelo jornal, o vereador Siciliano convocou uma entrevista para rechaçar as acusações. Ele disse que a informação revelada pelo jornal O Globo é um "factoide" e negou conhecer o ex-PM. Ainda segundo o vereador, a Cidade de Deus não é um de seus redutos eleitorais.

Siciliano disse que tinha boa relação com Marielle e alegou que os dois chegaram a apresentar projetos de lei juntos. “Gostaria de esclarecer, antes de mais nada, a minha surpresa com relação ao que aconteceu ontem [terça]. A minha relação com a Marielle era muito boa, não estou entendendo porque esse factoide foi criado contra a minha pessoa. Estou sendo massacrado nas redes sociais por algo que foi dito por uma pessoa que a gente não sabe nem a credibilidade que a pessoa tem", disse ele.

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