Descrição de chapéu jornalismo

Em sabatina, tucano erra ao falar das contas de sua campanha em 2014

Pré-candidato ainda defende penitenciárias de SP, mas especialistas desconhecem dado

O pré-candidato tucano Geraldo Alckmin
O pré-candidato tucano Geraldo Alckmin - Adriano Machado/Reuters
São Paulo | Agência Lupa

“Sobraram R$ 9 milhões da minha campanha [de 2014]”
Geraldo Alckmin pré-candidato à Presidência pelo PSDB, em sabatina feita por Folha, UOL e SBT, em 23.mai.2018

FALSO O portal de Prestação de Contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, em 2014, o candidato Geraldo Alckmin arrecadou um total de R$ 40.394.953,03 e teve R$ 40.394.332,54 em despesas. Assim sendo, sobraram R$ 620,49 —bem abaixo do valor citado pelo presidenciável. Se analisados os dados do comitê financeiro estadual que o PSDB montou naquele ano para a candidatura ao governo de SP, tanto a receita quanto a despesa foram de R$ 45,9 milhões, ou seja não houve sobra. Se observada a prestação de contas da direção estadual do PSDB-SP, a receita em 2014 foi de R$ 57,7 milhões e a despesa, de R$ 52,5 milhões. Isso resulta numa diferença de R$ 5,2 milhões. Vale lembrar que nem toda verba arrecadada pela direção estadual do partido foi destinada à campanha de Alckmin. Procurado, o tucano não respondeu.
 

“[São Paulo tem] o melhor sistema penitenciário brasileiro” 
idem

INSUSTENTÁVEL Procurados, o Departamento Penitenciário Nacional, o Conselho Nacional de Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública dizem desconhecer estudos que mostrem a unidade da federação com “o melhor sistema penitenciário” do país, como afirmou Alckmin. O que existe é o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2017, que faz uma análise do sistema penitenciário dos diversos estados no que diz respeito a quesitos específicos como superlotação, tratamentos médicos, mortalidade e trabalho dentro das prisões. Esse documento mostra que São Paulo concentra 33,1% da população carcerária, com 240.061 presos. Que, das 164 unidades prisionais analisadas em São Paulo, 141 estão com déficit de vagas, ou seja, superlotadas. E que apenas 13% dos presos em SP estão em atividade laboral, numa taxa inferior à média brasileira, de 15%. Em São Paulo, ainda de acordo com o Infopen, 8% dos presos têm atividades de ensino escolar. A média brasileira é de 10%. Procurado, Alckmin não respondeu.

“Se você pegar os votos do Bolsonaro, é muito junto com o PT”
idem

EXAGERADO Nas principais votações de projetos de lei feitas na Câmara dos Deputados durante o governo Temer, o pré-candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, não se alinhou aos deputados do PT. Na Reforma Trabalhista, PEC do Teto de Gastos e Reforma do Ensino Médio, a bancada petista se posicionou de forma contrária. Bolsonaro, por sua vez, foi favorável a todas elas. Além disso, levantamento feito nas votações realizadas entre 2003 e 2014 mostra que, em 12 anos, Bolsonaro votou alinhado com o governo petista em 45% das vezes. O PSDB, partido de Alckmin, chega a 47,6%. O caso da votação do cadastro positivo, citado por Alckmin na sabatina, é uma exceção: petistas e Bolsonaro foram contrários à adesão automática de cidadãos ao cadastro positivo de consumidores. O projeto foi votado em 9 de maio. Procurado, Alckmin não respondeu.
 

“[Em 2006] perdi a eleição, embora tenha ganho em 11 estados brasileiros dos 27” 
idem

VERDADEIRO, MAS Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que esse resultado citado por Alckmin só se deu no primeiro turno das eleições de 2006, quando ele teve 39,9 milhões de votos, ou 41,6% dos votos válidos. No segundo turno, o tucano foi derrotado, tendo vencido em sete estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima. Entre os dois turnos de 2006, Alckmin perdeu 2,4 milhões de votos. Procurado, o tucano não respondeu.

“No ano passado [2017], nós fechamos o ano com [uma taxa de] 8,02 homicídios por 100 mil habitantes. Nós estamos com 7,6 praticamente, hoje”
idem

VERDADEIRO Dados do Portal de Transparência da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo mostram que a taxa de homicídio por 100 mil habitantes em 2017 realmente foi de 8,02. Em 2018, por ser um ano corrente, a taxa —que é anual— é calculada considerando o mês mais recente e os 11 anteriores. Na última parcial disponível, que vai de abril de 2017 a março de 2018, a taxa era de 7,65.

Chico Marés, Nathália Afonso , Clara Becker e Plínio Lopes
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.