Descrição de chapéu Eleições 2018

Sem Aécio e pregando gestão eficiente, Anastasia lança candidatura em Minas

Ex-governador evitou comentar a ausência de senador e de Alckmin em convenção

Belo Horizonte

Sem a presença de seu padrinho político e sem definir candidatos ao Senado, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) oficializou sua candidatura ao governo de Minas pregando um discurso de gestão eficiente.

Ausente na convenção estadual dos tucanos em Minas, realizada neste sábado (28) em um clube de Belo Horizonte, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou uma nota pela manhã afirmando que decidirá na próxima semana se participa das eleições. "Só a partir do anúncio de sua decisão o senador Aécio participará de atos de campanha, não estando prevista, assim, sua presença na convenção", diz o texto

Antonio Anastasia chega à convenção do PSDB em Belo Horizonte
Antonio Anastasia chega à convenção do PSDB em Belo Horizonte - Alexandre Rezende/Folhapress

Anastasia usou a nota para evitar comentar a ausência de Aécio e afirmou que não está decidido se ele participará de sua campanha. "Ele já divulgou uma nota hoje [...], já manifestou sua intenção", disse Anastasia à imprensa. Aécio não deve concorrer à reeleição —as opções mais prováveis são disputar uma vaga de deputado federal ou mesmo ficar sem mandato. 

Embora Aécio não tenha participado de nenhum evento da pré-campanha de Anastasia, foi assunto recorrente. O candidato ao governo de Minas teve que responder inúmeras vezes sobre a possibilidade de Aécio estar em sua chapa, concorrendo à reeleição. 

A tentativa de descolar padrinho e afilhado, que se sucederam no governo de Minas de 2003 a 2014, se deve às denúncias de corrupção que acuaram Aécio. Com base na delação da JBS, ele é réu sob acusação de corrupção e obstrução de Justiça.

Aécio não foi mencionado em nenhum discurso, a não ser de maneira breve, pelo próprio Anastasia ao relembrar sua trajetória: ele foi secretário e vice-governador de Aécio. 

O presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, foi outra ausência no evento. Anastasia disse não se sentir desprestigiado e afirmou confiar na vitória do paulista, que esteve neste sábado nas convenções do PTB, ao lado de Roberto Jefferson, e do PSDB paulista, lançando João Doria ao governo. 

Alckmin foi representado na convenção pelo vice-presidente do PSDB, Marconi Perillo, que afirmou que o tucano terá um compromisso de priorizar Minas Gerais se chegar ao Planalto. 

Além de líderes tucanos do estado, estiveram presentes lideranças dos partidos que compõem a chapa de Anastasia: PTB, PSD, PSC, PPS, PMN, PHS e Solidariedade. A aliança pode ter o maior tempo de TV em Minas e tem como maior adversário o governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição. 

A convenção formalizou o deputado federal Marcos Montes (PSD-MG) como candidato a vice-governador, mas deixou em aberto os dois nomes para o Senado. Anastasia afirmou que as vagas ainda não foram decididas porque há negociações em curso.

"Continuamos em tratativas com todos aqueles que estão no campo de oposição ao governo do estado. Isso inclui candidatos que eu respeito muito, como o deputado Rodrigo Pacheco [DEM], meu amigo particular, o também o ex-prefeito Márcio Lacerda [PSB], também nosso amigo. Então, nós estamos em tratativas, em conversas, mas isso vai ser definido, me parece, só no curso da semana que vem", afirmou. 

Com o apoio dos partidos do chamado centrão, incluindo o DEM, e Alckmin no plano nacional, cresceu a pressão para que Pacheco abrisse mão de sua candidatura em Minas. O deputado federal, no entanto, reafirmou sua intenção de concorrer ao Palácio da Liberdade. 

Hoje há dois pré-candidatos ao Senado que apoiam Anastasia: Dinis Pinheiro (Solidariedade) e Carlos Viana (PHS). 

Pinheiro aproveitou seu discurso na convenção para provocar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), também candidata ao Senado e que morou anos no Rio Grande do Sul: "Ela nunca foi na cozinha da gente comer um pãozinho de queijo gostoso, ela nunca tomou uma cachacinha com a gente". 

'PLANO MARSHALL'

Anastasia afirmou que a palavra escolhida como símbolo para sua campanha é reconstrução, já que Minas atravessa grave crise fiscal e acumula dívidas com servidores e prefeituras. Seu slogan e jingle também exaltam eficiência na gestão, experiência e capacidade.

O senador lançou ainda um plano para colocar as finanças em dia e honrar pagamentos. "Uma ideia que é a coluna vertebral das nossas propostas, é fazermos como foi feito na Europa após a guerra, vamos nos inspirar no Plano Marshall. Vamos fazer um plano que eu dei o nome de PAAR: Plano de Articulação e Ação para Reconstrução de Minas."

Anastasia afirmou que não tinha a intenção de se candidatar, mas cedeu aos pedidos ao ver, após quatro anos, a casa que deixara organizada praticamente destruída. Diante de um ginásio cheio, mas não lotado, criticou Pimentel, chamando o governo de "reclamão".

"Só empurra a responsabilidade para os outros e não faz nada. Ora o culpado é o antigo governo, ora são os aposentados, ora os caminhoneiros, ora o governo federal. É ele próprio o culpado e não assume a responsabilidade. É o governo das desculpas", disse.

O senador voltou a dizer que não fará mágica e que será difícil recuperar a economia de Minas. Pregou austeridade, corte de despesas, novas fontes de receita e parceria com o setor privado e o governo federal. 

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