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Advogado de Bolsonaro afirma atuar de graça para o candidato no STF

Antônio Pitombo é um dos mais bem pagos e experientes criminalistas do país e defendeu banco de Daniel Dantas e o pastor Edir Macedo

Rubens Valente
De Brasília

Um dos mais bem pagos e experientes advogados criminalistas do país, especialista em casos de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Antônio Sérgio de Moraes Pitombo disse que atua de graça na defesa de Jair Bolsonaro (PSL) no inquérito e na ação penal que tramitam sobre o candidato no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em mensagem à Folha, que indagou sobre os seus honorários, Pitombo disse que conheceu Bolsonaro no ano passado, apresentado pelo advogado Gustavo Bebianno, presidente em exercício do PSL e um dos principais articuladores políticos do candidato na campanha eleitoral. "Nada cobrei do deputado federal. Aceitei as causas por crer na inocência dele nessas ações penais, bem assim pela honra de defender candidato à Presidência da República. Minha única condição foi poder defender quem quer que eu quisesse, pouco importando o partido ou a ideologia - pedido que ele riu e aceitou", escreveu Pitombo.

No STF, Bolsonaro é réu na ação penal de número 1008, aberta em junho passado, que trata de supostas incitação ao estupro e ofensas contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), e é investigado no inquérito de número 4694, que apura suposto crime de racismo contra quilombolas, indígenas e outros grupos sociais.

Nesta terça-feira (28), a denúncia oferecida pela PGR no inquérito começou a ser julgada pela primeira turma do STF. Com o placar provisório de dois votos a dois, a sessão foi suspensa e deve ser retomada na semana que vem para o voto decisivo do ministro Alexandre de Moraes. Pitombo passou a atuar na ação penal em março. No inquérito, em junho.

Antônio Pitombo é um dos principais nomes da advocacia penal de São Paulo, tendo trabalhado desde os anos 90 para pessoas e empresas investigadas em algumas das maiores operações da Polícia Federal e do Ministério Público. Seu escritório, localizado na Vila Olímpia, bairro nobre de São Paulo, conta hoje com mais de 50 advogados, segundo a procuração anexada por Pitombo nos processos no STF.

Em 2009, o advogado atuou em processos internacionais para o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, na esteira da Operação Satiagraha, e para o pastor Edir Macedo, da Igreja Universal, quando ela virou alvo de apuração de promotores de SP por um suposto esquema de lavagem de dinheiro. No escândalo do mensalão, Pitombo defendeu o empresário Enivaldo Quadrado, dono da corretora Bônus-Banval, que distribuía dinheiro a parlamentares.

Na Operação Lava Jato, Pitombo atuou na defesa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que fez um acordo de delação premiada no STF, e representou os executivos da construtora Engevix. Em outros inquéritos e ações, ele defendeu o empresário Fernando Cavendish, da Delta Engenharia.

Em agosto de 2012, durante a fase decisiva do julgamento do mensalão no STF, Pitombo e outros dois advogados peticionaram contra o relator do caso, o ministro Joaquim Barbosa, para pedir sua saída do caso, sob alegação de parcialidade a partir de entrevistas concedidas por Barbosa à imprensa. O relator reagiu no plenário, dizendo que a defesa lhe fez "ataques pessoais" e agira de "má-fé". Na ocasião, Pitombo pediu a palavra no plenário e procurou dizer que não quis ofender Barbosa, mas o relator não permitiu que ele continuasse sua manifestação.

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