Descrição de chapéu Eleições 2018

Ativistas e políticos elogiam 'Match Eleitoral'

Ferramenta criada por Folha e Datafolha encontra candidatos com opiniões e perfil mais próximos do eleitor

São Paulo

Lançada na segunda (27) pela Folha e pelo Instituto Datafolha, a plataforma Match Eleitoral foi elogiada por candidatos, cientistas políticos e ativistas por sua contribuição para o eleitor decidir por um deputado federal e pela valorização do voto para o Legislativo. 

"O custo de se informar num sistema proporcional de lista aberta é muito elevado. Qualquer iniciativa que ajude nisso é muito bem-vinda", disse o cientista político Sergio Fausto, superintendente-executivo da Fundação iFHC.

O Match Eleitoral parte de um questionário de múltipla escolha sobre assuntos do interesse da sociedade. São 20 perguntas objetivas, cada uma com um peso, numa escala de concordância ou discordância parcial ou total. As mesmas questões foram respondidas por candidatos e compiladas pelo Datafolha.

As escolhas do eleitor são comparadas com a base, em total sigilo --as respostas dos internautas são armazenadas, mas de forma anônima, sem identificação com quem as respondeu (confira a metodologia completa e a política de privacidade).

 Urna eletrônica utilizada para votação em Recife, nas eleições de 2016
Urna eletrônica utilizada para votação em Recife, nas eleições de 2016 - Diego Herculano/Folhapress

"Neste momento de tanta dúvida, decepção e indignação da sociedade, pela corrupção, pela falta de respeito a até mesmo aquelas conquistas que haviam sido alcançadas, todas essas ferramentas são bem-vindas", disse a presidenciável Marina Silva (Rede). 

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e João Doria (PSDB), candidato ao governador de São Paulo, também elogiaram a plataforma.

"É uma ótima iniciativa para saber como pensa o seu candidato", disse Maia.

Para Doria, o aplicativo é "uma boa ferramenta, democrática e interessante também porque vai medindo o grau de interesse da população [sobre os candidatos]".

Jorge Abraão, coordenador-geral do movimento Rede Nossa São Paulo, defende que a ferramenta deveria contemplar também candidatos ao Senado. "A ferramenta chama atenção para um espaço que, via de regra, é relegado a segundo plano [no voto], que é o Congresso. Todas as mudanças no Brasil dependem do Congresso", afirma. 

Para o movimento Vem Pra Rua, o "Match Eleitoral" fomenta a reaproximação do povo com a política. "Entretanto, o movimento também acredita ser importante esclarecer o eleitor sobre a performance de políticos do Legislativo."

Para os empresários e ativistas políticos Paula Lavigne e Alê Youssef, a ferramenta ajuda a romper barreiras partidárias. "As pessoas não são só de direita ou de esquerda. As pessoas têm causas e problemas reais", diz Lavigne, fundadora do movimento 342, que reúne artistas.

"Candidaturas novas esbarram nas estruturas partidárias, que têm donos. São raríssimas as que têm acesso ao fundo partidário e tempo de rádio e TV", avalia Youssef, apoiador de projetos que estimulam a renovação política.

O cientista político e professor da FGV Marco Antonio Carvalho Teixeira  avalia que "no atual contexto em que o cidadão dá pouca importância à eleição parlamentar por desconfiar do Legislativo de forma geral, o acesso a uma ferramenta que possibilita identificar afinidades entre representantes e representados é passo importante para melhorar a democracia representativa". "Ganha a sociedade por tornar os legisladores mais conhecidos por suas trajetórias e não apenas se fazerem divulgados por eles próprios com vistas ao processo eleitoral."

 O cientista político Fernando Abrucio também elogia a ferramenta, mas pondera que ela apenas não basta para a definição do voto.

"Esse instrumento serve para começar a tomar a decisão, que é a etapa mais difícil. As informações são dispersas, o eleitor não sabe quais fontes são confiáveis. Então é uma ferramenta muito interessante para o início da reflexão, mas não basta para definir o voto. O eleitor precisa fazer mais pesquisas, se informar sobre outros candidatos, ouvir outras fontes."

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