Descrição de chapéu Eleições 2018

Em terra de Lula, Haddad ignora decisão do TSE e diz que ex-presidente é candidato

Petista diz que o partido tomará decisão no prazo de dez dias para troca do cabeça de chapa

João Valadares
Garanhuns (PE)

Um dia após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impediu o registro da candidatura do ex-presidente Lula (PT), o candidato a vice na chapa do petista, Fernando Haddad, informou, neste sábado (1), em Pernambuco, que Lula continua na disputa. Ressaltou que vai usar todos os recursos jurídicos possíveis para que a soberania popular seja respeitada.

Fernando Haddad (PT), vice da chapa petista, em ato de campanha em Garanhuns (PE)
Fernando Haddad (PT), vice da chapa petista, em ato de campanha em Garanhuns (PE) - João Valadares/Folhapress

Haddad afirmou que, na segunda-feira, vai se reunir com Lula e mostrar todos os caminhos que se apresentam no âmbito da Justiça. "Vamos manter aquilo que eu não chamo de estratégia e sim de posicionamento político e moral em torno da liderança do Lula e do desejo de mais de 50% dos brasileiros", ressaltou.

O candidato a vice utilizou um chavão dito pelo ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na campanha presidencial de 2014, morto em acidente aéreo no mesmo ano, para afirmar que Lula disputará a eleição. "Não vamos desistir do Brasil."

Ele ressaltou que, nos próximos dez dias, prazo dado pelo TSE para que PT substitua o seu candidato, o PT tomará a decisão. "Entendíamos que a determinação da ONU seria suficiente para convencer as autoridades brasileiras a não impedir o povo de votar naquele que considera a liderança mais importante para conduzir o país para fora dessa crise".

Haddad declarou que também fala como advogado da maior estrela petista. "Não há comunicação com ele (Lula) no fim de semana. Temos que conversar na segunda (3). Vamos levar o quadro jurídico do que é possível fazer diante da desautorização da ONU por parte da justiça eleitoral. Talvez, ela não seja a última a falar", disse.

O candidato a vice salientou que, desde que Lula foi preso, as intenções de voto no petista nas pesquisas eleitorais só crescem. "Não trabalhamos com esse conceito de troca de candidato. Estamos defendendo um bem maior. Por que cresceu tanto a disposição do povo brasileiro em votar em Lula? Isso que a imprensa deveria debater." ​

Haddad concedeu entrevista ao lado do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e votou em Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições de 2014. 

O deputado Jarbas Vasconcelos (MDB), candidato ao Senado na chapa de Câmara, já chegou a chamar Lula de chefe de facção.

Questionado sobre a possível contradição, o petista explicou que as pessoas não tinham informação suficiente naquela época. "Houve um reposicionamento do PSB em relação a esse episódio, sobretudo o fato de que o Temer traiu o programa de governo votado em 2014. Ninguém poderia imaginar o que ele faria com o Brasil. Hoje está escancarado."

Mais tarde, em comício ao lado de Paulo, após caminhada acelerada pelas ruas de Garanhuns, voltou a ignorar o apoio do governador ao impeachment de Dilma. “Desde 2014, o PMDB e o PSDB se transformaram em partidos que começaram a gerar instabilidade no país. Aqueles que ao final escolheram o Temer, jogaram o país nesse fosso que nós estamos."

No fim do discurso, Haddad ressaltou que, independentemente da decisão do TSE, vai continuar nas ruas do país defendendo o ex-presidente. “Estamos aqui para cerrar fileiras em torno dele porque é muito errado o que estão fazendo. Trancafiaram o homem para ele não ser o próximo presidente. Isso está errado”, finalizou.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, leu uma carta escrita por Lula e entregue a Paulo Câmara por Haddad. “Paulo Câmara no governo do Estado e Lula e Haddad no Governo Federal é o caminho para derrotar os traidores da democracia e do povo, os traidores de Pernambuco que celebram o impeachment.”

No passado, Lula criticou Paulo Câmara. Em vídeo, disse: “O Paulo Câmara é resultado daquilo que eu não acredito.”

Haddad lembrou que, há dois anos, Aécio Neves, Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha estavam participando de manifestações contra a corrupção. "Geddel Vieira lima estava na Paulista em manifestações contra corrupção. O Aécio estava na Paulista. O Eduardo Cunha estava fazendo manifestação."

Pela manhã, Haddad gravou para o programa eleitoral no sítio onde Lula nasceu, em Caetés, agreste de Pernambuco. Os jornalistas não tiveram acesso ao local. Na saída, foi questionado por uma eleitora. "Lula mandou votar em você?". Ele respondeu. "Mandou votar em nós. A chapa é uma só".

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