O programa eleitoral do candidato ao governo de São Paulo João Doria (PSDB) utilizou cenas de escolas e clínicas estrangeiras para ilustrar feitos do ex-prefeito paulistano e suas promessas de governo, caso vença a eleição.
Segundo a rádio CBN, o material contém trechos filmados nos Estados Unidos e na Rússia e é comercializado por bancos de imagens.
As mesmas cenas foram encontradas pela reportagem da emissora em vídeos antigos no YouTube, no Twitter e em canais ligados às redes americanas NBC e CBS.
A campanha de Doria exibiu o programa, voltado para mães, no horário eleitoral gratuito da última quarta-feira (12).
No vídeo, o ex-prefeito conversa uma paulistana que teria sido beneficiada por uma "creche de primeiro mundo" aberta em sua gestão.
"Ele continuando esse projeto, vai estar ajudando outras mães como eu", afirma a entrevistada.
Nessa mesma peça, Doria afirma que as crianças matriculadas em creches da prefeitura serão examinadas por médicos no início do ano letivo, receberão alimentação de qualidade e receberão uniformes de inverno e de verão.
Em manifestação encaminhada por sua assessoria de imprensa, a campanha do tucano diz que utilizou bancos de imagens porque o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) não permite exibir crianças sem autorização judicial.
Também afirma que o programa não mostra imagens com salas e infraestrutura, mas detalhes.
"As imagens externas, em que não havia risco de expor as crianças, foram todas realizadas em frente a fachada de uma creche paulistana", disse, em nota.
PEÇA PRÓ-BOLSONARO TEM MULHER ESTRANGEIRA
Uma mulher negra estrela uma das peças publicitárias da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Sob fundo escuro, ela é filmada em primeiro plano, enquanto locução ao fundo afirma: "Sou mulher, negra e vinda de família pobre. Mas não dei em procuração para que ninguém fale em meu nome."
Em 1min10s de vídeo, ela não abre a boca.
A mulher que é apresentada como eleitora de Bolsonaro na verdade é uma modelo estrangeira caracterizada como enfermeira, que provavelmente não domina a língua portuguesa.
Suas imagens foram retiradas do banco de dados Shutterstok, empresa americana que possui um acervo de 229 milhões de imagens, entre vídeos e fotos.
O vídeo aparece logo nas primeiras páginas do acervo da Shutterstock para quem faz uma busca com as palavras-chave "black woman" (mulher negra em inglês). Para baixá-lo, é necessário pagar US$ 79, o equivalente a R$ 331.
A peça publicitária foi postada em uma rede social do grupo de militantes "Ação Bolsonaro" e replicada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável e candidato à reeleição.
Foi assistida por cerca de 33 mil pessoas em um período de apenas cinco horas.
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