Descrição de chapéu Eleições 2018

Em ano eleitoral, jornalistas já foram alvo de 137 casos de violência, diz Abraji

Pessoas públicas, incluindo deputados eleitos, estão entre os autores de violações

Ataque contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula está entre os casos de agressão contra jornalistas, segundo levantamento da Abraji
Ataque contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula está entre os casos de agressão contra jornalistas, segundo levantamento da Abraji - Marlene Bergamo - 27.mar.2018/Folhapress
São Paulo

Jornalistas que fazem a cobertura eleitoral foram alvo de 137 casos de violência neste ano, entre agressões físicas e no meio digital.

Segundo levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), foram 75 ataques por meios digitais e outros 62 casos de violência física.

A maioria das ocorrências em meio digital (91%) são de exposição indevida de comunicadores, quando os agressores compartilham fotos ou perfis apontando que o profissional segue uma determinada ideologia e, assim, incentivam hostilidades em massa. As agressões ocorrem em especial no Facebook e no Twitter.

Entre os autores de violações contra jornalistas no meio digital estão pessoas públicas e políticos, como o economista Rodrigo Constantino, o humorista Danilo Gentili, os deputados federais eleitos Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann —ambos do PSL-SP— e os procuradores Marcelo Rocha Monteiro (MP-RJ) e Ailton Benedito (MPF-GO).

Em um desses ataques, a repórter Marina Dias, da Revista Encontro, com sede em Belo Horizonte, foi hostilizada ao ser confundida com a repórter da Folha de mesmo nome que publicou reportagem sobre a ex-mulher do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ter afirmado ao Itamaraty, em 2011, que foi ameaçada de morte por ele. A onda de hostilidades começou após uma postagem feita por Gentili no Twitter.

Já as ocorrências físicas estão relacionadas a coberturas de eventos de grande repercussão ligados às eleições.

Em um deles, a cobertura da prisão do ex-presidente Lula, em abril, 19 profissionais de comunicação de diferentes veículos foram hostilizados ou agredidos por apoiadores do petista em Brasília, Belo Horizonte e São Bernardo do Campo, entre os dias 5 e 7 de abril.

Poucos dias antes, em 27 de março, a caravana de ônibus do ex-presidente foi atacada a tiros em Quedas do Iguaçu (PR) – 26 jornalistas estavam em um dos veículos. “Só o acaso evitou a consumação de uma tragédia”, apontou a Abraji na época.

O novo levantamento já inclui dois casos de violência que aconteceram nesta semana.

A jornalista Miriam Leitão, da TV Globo, foi hostilizada nas redes sociais por apoiadores de Bolsonaro após dizer nesta segunda (8) que o capitão reformado representa um risco à democracia.

No último domingo (7), uma jornalista do portal NE10 foi agredida e ameaçada de estupro em Recife depois que dois homens notaram seu crachá, após deixar seu local de votação. Um deles estava usava uma camiseta com a foto de Bolsonaro.

“Ofensas, assédio e ameaças a jornalistas com o objetivo de silenciá-los são sintomas de desprezo pela democracia. O direito à informação, essencial para toda a sociedade, fica comprometido quando profissionais da imprensa são impedidos de exercer seu ofício livremente”, afirma a Abraji, em nota.

Um outro levantamento feito pela Abraji, a partir de dados disponíveis no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), apontou que apenas 5 dos 13 candidatos à Presidência faziam alguma menção a liberdade de imprensa ou de expressão em seus programas de governo.

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