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Segurança de Witzel aponta arma para apoiador de Paes antes de debate no Rio

No estúdio, candidatos não se cumprimentam e trocam acusações em encontro promovido pela Folha, UOL e SBT

Wilson Witzel (PSC) Eduardo Paes (DEM) participam de debate promovido por folha, UOL e SBT entre candidatos ao Governo do Rio de Janeiro
Wilson Witzel (PSC) Eduardo Paes (DEM) participam de debate promovido por folha, UOL e SBT entre candidatos ao Governo do Rio de Janeiro - Zô Guimarães/Folhapress
Ana Luiza Albuquerque Italo Nogueira
Rio de Janeiro

O ex-juiz Wilson Witzel (PSC) e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), candidatos ao governo do Rio de Janeiro, voltaram a trocar acusações em debate promovido pela Folha, UOL e SBT na tarde desta terça-feira (23). Ambos utilizaram o nome de figuras políticas da cena carioca para atacar o adversário.

Antes do começo, o clima entre ambos estava longe de ser amistoso. Witzel e Paes não se cumprimentaram. O candidato do PSC, inclusive, ameaçou não participar do debate.

Um segurança de Witzel chegou a apontar uma arma para os apoiadores de Paes, aumentando a confusão. Se dizendo desestabilizado, o ex-juiz ameaçou desistir do debate, mas acabou entrando no prédio da emissora protegido por um cordão de seguranças.

Com os candidatos no estúdio, os candidatos trocaram acusações. Enquanto Paes tentou colar a imagem do ex-juiz ao atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), o ex-prefeito foi cobrado por sua relação com o ex-governador Sergio Cabral (MDB), preso pela Operação Lava Jato.

A associação de seu nome a Crivella levou Witzel, inclusive, a pedir direito de resposta, negado pela produção.

Paes afirmou que o prefeito é aliado do ex-juiz em pelo menos três ocasiões. Em uma delas, Witzel respondeu que não é apoiado por Crivella. "Crivella não me apoia, não pedi apoio a ele. Ele está revelando obras superfaturadas da sua gestão, talvez por isso você esteja magoado com ele."

No dia 12 de outubro, o PRB, partido do prefeito, anunciou apoio ao ex-juiz. Desde então, a Prefeitura já organizou duas coletivas de imprensa para divulgar supostas irregularidades nas obras do BRT Transcarioca e Transoeste, corredores expressos de ônibus que se tornaram vitrine da gestão Paes (2009-2016).

Paes sugeriu que, assim como Crivella, Witzel é inexperiente, incapacitado e uma incógnita para o eleitor. "Deu no que deu", disse.

O ex-prefeito, quando questionado sobre sua relação com Cabral, respondeu que, quando eleito, garantiu que trabalharia em parceria com o governo e a Presidência. "São pessoas com as quais eu tinha responsabilidade institucional de conviver. Apesar de ser oposição ao Crivella, achar um péssimo prefeito, vou lidar com todos os prefeitos do estado, e com o próximo presidente."

Witzel aproveitou para explorar interrogatório do ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto, que afirmou no início do mês que Paes coordenava fraudes às licitações nas grandes obras da Prefeitura. Pinto foi condenado a 23 anos de prisão por lavagem de dinheiro.

"A corrupção comeu solta no governo dele", disse Witzel. O ex-juiz também ressaltou que a corrupção atrapalhou o desenvolvimento de obras na gestão de Paes.

"Nem tantas obras assim foram paradas pela corrupção. A Transbrasil [BRT] foi muito mais por incompetência do seu aliado, Crivella, do que qualquer coisa. Nunca esteve prevista para terminar no meu tempo de governo", afirmou Paes, ressaltando que grandes investimentos em infraestrutura precisam ser continuados na transição entre os governos.

Witzel também afirmou que Paes foi indiciado em dois inquéritos, por corrupção e lavagem de dinheiro. Paes negou a acusação, dizendo que não responde a qualquer processo criminal.

O ex-prefeito é investigado em inquérito que apura se a Odebrecht pagou R$ 16 milhões para sua campanha à reeleição, em 2012, buscando facilitar contratos olímpicos.

"Há dois anos não tenho foro privilegiado. Fui investigado, virado de cabeça para baixo, e estou aqui disputando a eleição. Dele [Witzel] não se sabe nada, cada dia uma surpresa. É uma candidatura no mínimo esquisita", afirmou.

Witzel chegou ao segundo turno em primeiro lugar, após arrancada surpresa, com 41,28% dos votos válidos, frente a 19,58% do ex-prefeito. A ascensão do ex-juiz coincidiu com o apoio do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) à sua campanha.

Pesquisa Ibope desta terça indica que a diferença entre as intenções de voto de Witzel e Paes diminuiu em relação aos levantamentos anteriores --o ex-juiz conta com 56%, frente a 44% do ex-prefeito.

Ao chegar ao SBT na tarde desta terça-feira, Witzel ameaçou não participar do debate. Isso porque sua van foi cercada por apoiadores de seu adversário, Eduardo Paes (DEM), que cantavam e gritavam. Ele disse que havia sido desestabilizado.

Durante o debate, o ex-juiz fez referência ao episódio. "Chegando ao SBT, vimos a gangue nervosinha impedindo até que eu entrasse." Delatores da Odebrecht afirmaram que Paes era o "nervosinho" das planilhas de propina da empreiteira.

O ex-prefeito respondeu que o caso faz parte do jogo político e que não tem nada de anormal. "Aliás, quando se governa, é muito normal que as pessoas te abordem na rua, te contestem."

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