Descrição de chapéu Eleições 2018

Estreante em campanhas, Facebook é o maior fornecedor da eleição

Contratos para impulsionar posts em rede social chegam a R$ 26,5 milhões

Josette Goulart
São Paulo

Estreando em campanhas eleitorais, o Facebook já é o maior fornecedor individual nestas eleições. A empresa tem contratos registrados até agora pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de R$ 26,5 milhões para impulsionamento de conteúdo feito por cerca de mais de 3.000 candidatos espalhados pelo país.

A empresa recebe pelo seu próprio CNPJ e também pelas processadoras de pagamento Adyen e Payu. Já o Google faturou até agora R$ 2,5 milhões.

Já quase às vésperas da eleição, o número de candidatos que aderiu à modalidade é baixo, cerca de 10% do total, mas ao mesmo tempo qualificado. Entre os que mais gastam com impulsionamento estão algumas "estrelas" das redes sociais, que já possuem milhões de seguidores, e que até então não pagavam por posts. 

É o caso de João Doria (PSDB), candidato a governador de São Paulo. Desde que se lançou na política, em 2016, arregimentou milhões de seguidores, mas uma mudança no algoritmo do Facebook neste ano fez o candidato se render ao post pago, segundo seu marqueteiro digital, Daniel Braga.

Até agora Doria registrou gastos de R$ 300 mil para impulsionar posts no Facebook e no Instagram, que também pertence ao Facebook.

Mas o tucano não foi o único dos usuários com milhões de seguidores a aderir à modalidade. Os candidatos perceberam que, sem pagar pelos posts, corriam o risco de falar apenas para seus próprios apoiadores e muitas vezes nem mesmo com eles.

Assim, Dilma Rousseff (PT), Lula e Fernando Haddad (PT) entraram na onda. Marina Silva (Rede), que tem mais de 2 milhões de seguidores, também aderiu.

Candidatos a deputado federal como Jean Wyllys (PSOL), Joice Hasselmann (PSL) e Kim Kataguiri (DEM), conhecido pela forte atuação nas redes junto ao Movimento Brasil Livre, e Major Olímpio (PSL), que tenta o Senado em São Paulo, também se lançaram na novidade.

Nem mesmo com sobrenome Bolsonaro, Flávio escapou da onda. O candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro também pagou por alguns posts que circularam até a semana passada. 

Já o seu pai, candidato a presidente, e seu irmão Eduardo, que concorre a uma vaga na Câmara por São Paulo, continuam apenas com atuação orgânica.

Considerado o maior caso de sucesso das redes sociais, já que lidera as pesquisas mesmo sem tempo de televisão, Jair Bolsonaro tem hoje 6,8 milhões de seguidores, número cerca de 20% maior do que há um mês, antes da facada que sofreu em Juiz de Fora (MG).

Mas quem acredita que Bolsonaro é o maior no Facebook, está enganado. Adilson Barroso, candidato a deputado federal pelo Patriota, partido do Cabo Daciolo, tem 8,3 milhões de seguidores.

Barroso diz ser ambientalista e conseguiu adeptos por suas postagens de fotos de flores. Ele costuma dizer nos posts: "É muito lindo, né?". E pronto, o post é curtido por 10 mil, 20 mil pessoas.

Na campanha, ele aproveita para reforçar seu número como candidato. O marqueteiro Jean Zambonini diz que é fundamental fazer o impulsionamento para chegar a diferentes públicos que hoje não estão na lista de seguidores do candidato. 

Entre os que mais gastaram está Henrique Meirelles (MDB), que pagou cerca de R$ 1,5 milhão em impulsionamento. Mas até agora o ex-ministro da Fazenda segue com apenas 248 mil seguidores.

Moriael Paiva, da empresa especializada em marketing digital Ideia Big Data, diz que a expectativa era de que as redes sociais movimentassem muito mais dinheiro. Mas ele relata alguns problemas como a demora que muitos candidatos tiveram para organizar CNPJ de campanha, condição para fazer o impulsionamento.

Além disso, os candidatos não podem falar de seus adversários. Moriael afirma ainda que muitos candidatos que já pagaram pelo serviço sequer conseguiram usar até agora e na reta final tem ligado para saber como usar o dinheiro em post patrocinado. Os candidatos têm até esta quinta-feira (4) para fazer os posts.

Mesmo sendo o maior fornecedor, o valor arrecadado pelo Facebook ainda é simbólico, principalmente comparado ao faturamento mundial da empresa, que supera os US$ 40 bilhões. 

Comparado com os gastos de campanha, o número também é baixo. Representa apenas 1,5% do total de R$ 1,5 bilhão gasto com as campanhas até agora.

O TSE também disponibiliza algumas planilhas com valores prévios. De acordo com esses dados, os gastos com impulsionamento representam cerca de 7% do total gasto com produção de programas para rádio e TV, por exemplo. Para exibir o horário eleitoral gratuito, as emissoras ganharam cerca de R$ 1 bilhão em renúncia fiscal nesta eleição.

Mas a planilha é mais desatualizada que os dados fornecidos no ranking dos fornecedores do Tribunal. Pelo ranking, a processadora de pagamentos Adyen é a líder com R$ 20 milhões em contratos, sendo R$ 18,8 milhões de impulsionamento do Facebook. Os pagamentos feitos diretamente à empresa somam R$ 6,6 milhões. E R$ 1,2 milhão está registrado em nome da Payu.

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