Aliado de Michel Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), e seu irmão Lúcio, deputado federal (MDB-BA), ficaram em silêncio durante depoimento na tarde desta quarta-feira (31) em processo que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).
Eles respondem pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro no episódio do “bunker” que escondia R$ 51 milhões em Salvador.
Para o procurador Hebert Reis Mesquita, que acompanhou a audiência, a iniciativa visa atrasar o processo, que tramita no Supremo por causa do foro privilegiado de Lúcio como deputado federal.
Como ele não foi reeleito, quando deixar o cargo o processo será remetido para a primeira instância.
Segundo o procurador, a defesa dos políticos tem feito pedidos, como uma perícia, que atrasam a conclusão do caso.
"Eles estão trabalhando muito para atrasar o processo", disse Mesquita a jornalistas depois da audiência.
"Estão dizendo 'olha, meu cliente não pode ser interrogado porque não saiu o resultado da perícia'. Como se uma coisa tivesse a ver com outra. Não tem qualquer relação de prejudicialidade. Então, nós pediríamos, mas isso já foi feito pelo juiz instrutor, que é tocar o processo. Vai ficar calado? Beleza, opção sua. O ato vai ser feito e vida que segue", afirmou.
"Ficaram calados, dizendo que não poderiam falar", acrescentou.
Geddel não quis falar com a imprensa depois da audiência. Ele está preso na Papuda, em Brasília, desde setembro de 2017.
A defesa dos Vieira Lima informou que já havia pedido acesso "aos elementos submetidos à perícia, que o Ministério Público Federal alardeia como prova cabal da sua acusação".
"Ocorre que, malgrado se tenha apresentado sucessivas petições, até a presente data não foi conferido à defesa técnica acesso integral aos elementos referentes à suposta perícia papiloscópica, tolhendo qualquer possibilidade de exercício do contraditório, fulminando de nulidade absoluta o procedimento", diz a nota.
"Desse modo, diante da incontornável nulidade do processo, vendo-se impossibilitados de defenderem-se das acusações, por orientação dos seus advogados, os senhores Geddel e Lúcio Vieira Lima reservaram-se à prerrogativa de não responderem às perguntas que lhes foram formuladas nos seus interrogatórios – não significando, tal postura, qualquer admissão de responsabilidade pelos inocorrentes fatos que lhes são atribuídos", informa o texto.
"Com efeito, causa espécie que após mais de um ano de sucessivos requerimentos de acesso ao material, sem que a defesa técnica impusesse qualquer óbice ao normal andamento do processo, ainda não se tenha permitido uma simples análise técnica da suposta perícia realizada, sendo legítimo questionar às instituições de controle a quem interessa a procrastinação da realização de um simples exame pericial", acrescenta a defesa.
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