O resultado da eleição presidencial e para os governos estaduais colocou a Bahia no epicentro do petismo no país.
Com uma 82% das urnas apuradas, o governador Rui Costa (PT) teve 75,88% dos votos contra 21,82% de José Ronaldo (DEM) e, matematicamente eleito, terá mais quatro anos de mandato.
A vitória consolida um ciclo de 16 anos de governos petistas na Bahia, iniciado em 2007 e que será mantido até 2022. A aliança ainda elegeu o ex-governador Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD) para o Senado.
Também fará da Bahia o maior colégio eleitoral do país governado pelo PT nos próximos quatro anos – em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel (PT) foi derrotado no primeiro turno.
Amparado por uma ampla coligação de 14 partidos, Costa consolidou seu favoritismo ao enfrentar uma oposição combalida na Bahia.
A popularidade conquistada durante o mandato transformou o petista em cabo-eleitoral. Se há quatro anos ele foi eleito dentro de uma estratégia de vinculação à figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este ano foi o governador que teve quem amparar o presidenciável Fernando Haddad (PT), que era desconhecido da maioria dos baianos.
A estratégia deu certo: a Bahia foi o estado que deu a maior votação a maior votação a Fernando Haddad, em números absolutos, em todos os estado brasileiros.
O resultado dará maior protagonismo ao núcleo baiano do PT no segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad.
A equipe de Haddad já tem os baianos José Sérgio Gabrielli como coordenador de campanha e o publicitário Raul Rabelo no comando do marketing. Agora, no segundo turno, o núcleo político deve ganhar o reforço de Rui Costa e Jaques Wagner.
Rui Costa irá desembarcar em São Paulo na terça-feira (9) e levará como sugestões para Haddad o endurecimento do discurso relacionado à segurança pública e a busca por uma maior aproximação com o eleitorado evangélico.
No campo da segurança, o governador defende que Haddad faça uma defesa mais enfática do endurecimento da legislação penal, sobretudo para crimes como homicídios.
No campo dos costumes, a ideia é apresentar Haddad como uma homem que defende a família, casado há 30 anos, pai de dois filhos, e neto de um padre católico ortodoxo.
“Infelizmente, Haddad foi vítima de muitas falsas. É preciso mostrar ao povo a sua vida e sua família pra calar a boca de quem mente em rede social”, disse Costa.
Além da Bahia, o PT venceu ainda em outros dois estados do Nordeste. No Ceará, Camilo Santana (CE) foi reeleito e no Piauí, o governador Wellington Dias (PI) também liquidou a atura no primeiro turno.
No Rio Grande do Norte, a senadora Fátima Bezerra (PT) vai disputar o segundo turno contra o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT).
Partidos que tradicionalmente são aliados do PT também conquistaram governos no Nordeste. O PSB elegeu Paulo Câmara (PE) e João Azevedo (PB). No Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) foi reeleito para mais um mandato.
Em Alagoas, venceu Renan Filho (MDB), que durante o primeiro mandato teve uma atuação próxima do PT e apoiou Fernando Haddad para a Presidência.
Para o governador reeleito da Bahia, Rui Costa, o resultado das urnas consolida uma hegemonia dos partidos de centro-esquerda no Nordeste e deve consolidar a atuação em bloco que os governadores nordestinos já vinham fazendo há pelo menos dois anos.
Principal adversário do PT na Bahia, o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, festejou o crescimento do DEM nacionalmente, mas reconheceu a perda de terreno para o PT e aliados na região.
“A eleição foi atípica. Mesmo o ex-presidente Lula não sendo candidato, ele acabou exercendo uma influência grande na Bahia, com os holofotes voltados para ele”, disse ACM Neto, que apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) apara a Presidência da República.
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