Não é verdade que Bolsonaro seja investigado por 'dinheiro sujo' na operação Greenfield

Site mente ao afirmar que candidato do PSL é investigado por 'dinheiro sujo' na campanha

São Paulo

É falso o título "Procuradoria investiga dinheiro sujo na campanha de Bolsonaro" de texto publicado no site Plantão Brasil no dia 11 de outubro. Como verificado pelo projeto Comprova, o texto é uma cópia de reportagem publicada no mesmo dia pelo jornal O Estado de S. Paulo, mas com o título alterado.

A PR-DF (Procuradoria da República no Distrito Federal) investiga o economista Paulo Guedes, responsável pelo programa econômico da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e cotado para ser ministro da Fazenda em caso de vitória. Até o momento, no entanto, o presidenciável não foi citado na apuração.

Jair Bolsonaro (PSL) durante sabatina no jornal Correio Braziliense, em junho de 2018 - Pedro Ladeira/Folhapress

Embora o Plantão Brasil não cite a origem do texto, o Comprova encontrou a reportagem original do jornal O Estado de S. Paulo. Além disso, fez contato com o procurador da República Anselmo Lopes, da PR-DF e coordenador da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga o caso, e também analisou os documentos disponíveis da apuração.

Na reportagem original, de autoria do jornal O Estado de S. Paulo, o título é "Procuradoria mira relação entre doações a políticos e aportes em FIPs de Guedes". O texto do Plantão Brasil tem parágrafos idênticos aos do texto original, mas, além de mudar o título, passando a veicular informação enganosa, o site suprimiu os trechos da reportagem do jornal que mostram as manifestações das defesas dos citados.

Em contato com o Comprova, o procurador confirmou que a campanha do presidenciável não está sob investigação. “Não há nenhuma investigação sobre Bolsonaro. Somente Paulo Guedes e outros são investigados”, disse Anselmo Lopes.

Nos documentos disponíveis da investigação, o nome do candidato também sequer aparece.

A operação Greenfield investiga se Guedes praticou fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais, podendo ter cometido crimes de gestão fraudulenta ou temerária. Em seis anos, dois fundos de investimentos (FIPs) administrados por uma empresa de Guedes captaram R$ 1 bilhão dos fundos estatais.

Na investigação, o procurador Anselmo Lopes pede, entre outras providências, a verificação de “eventuais conexões entre os aportes dos fundos de pensão e as doações da empresa Contax Participações S/A (registradas em R$ 53 milhões para partidos políticos e candidatos, entre 2008 e 2014) da qual, segundo o portal Bloomberg, o sr. Paulo Roberto Nunes Guedes era diretor”. Ele também determina a pesquisa de “doações eleitorais realizadas pelas pessoas físicas e jurídicas em questão entre os anos de 2008 e 2018”.

De acordo com a reportagem do Estadão, a empresa Liq (Contax) disse que o economista não foi seu diretor, mas sim Paulo Roberto Reckziegel Guedes. Os advogados do economista ligado a Bolsonaro afirmaram ao Estadão que “o fundo FIP BR Educacional não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão”.

Embora se mostre como jornalístico, o Plantão Brasil oferece um link para que os leitores entrem em um grupo de WhatsApp para "receber imagens, vídeos e notícias para compartilhar pró-Haddad e contra Bolsonaro".

Publicado no dia 11 de outubro, o link para o site ainda repercute no Facebook em páginas como Verdade sem manipulação, Eu Odeio a Globo, Pig Golpista e a do próprio Plantão Brasil. Até a noite desta quarta-feira (17), os posts com o link tinham cerca de 11 mil curtidas, comentários ou compartilhamentos, segundo a ferramenta de monitoramento Newswhip.

Participaram também da apuração deste texto os veículos BandNews FM, UOL e Gazeta Online, que integram o Comprova, projeto que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018. É possível sugerir checagens pelo WhatsApp da iniciativa, no número (11) 97795-0022.    

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