Descrição de chapéu Eleições 2018

PSDB teme radicalização em 2º turno nacional e tenta vencer em MG já neste domingo

No estado, eleição é polarizada entre PSDB e PT, cenário que pode se agravar, afetado pela disputa presidencial

Daniel Carvalho Carolina Linhares
Belo Horizonte

De olho na radicalização da disputa nacional com um eventual --e cada vez mais provável-- segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), o PSDB de Minas Gerais intensificou nesta reta final de campanha a estratégia de pregar o voto útil em Antonio Anastasia (PSDB) para tentar liquidar a eleição no estado ainda no primeiro turno, neste domingo (7).

No estado, a eleição já é polarizada entre PSDB e PT, cenário que pode se agravar, afetado pela disputa presidencial.

Aliados apostam na possibilidade de vitória em primeiro turno baseados em fatores como o mau desempenho do principal adversário, Fernando Pimentel (PT), à frente do governo mineiro, que enfrenta grave crise fiscal, e na onda de antipetismo nacional.

Candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, Antonio Anastasia
Candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, Antonio Anastasia - Alexandre Rezende - 28.jul.2018/Folhapress

Anastasia lidera as pesquisas de intenção de voto. Na divulgada pelo Datafolha na em 28 de setembro, o tucano tem 33%, nove pontos na frente de Pimentel, que tem 24% e é rejeitado por 41% dos entrevistados. Anastasia tem 28% de rejeição.

No estado, 9% disseram ao instituto não saber em quem votar, 17% declararam voto branco, nulo ou em nenhum dos candidatos. Mas, além deste público, Anastasia tem mirado no eleitorado de Romeu Zema (Novo), que tem 9%.

Em terceiro lugar, Zema é o principal responsável por eventualmente levar a eleição para o segundo turno e foi o alvo de Anastasia no debate da TV Globo na terça-feira (2).

Integrantes da chapa de Anastasia querem resolver a eleição no primeiro turno para livrar o tucano de entrar no jogo da polarização entre Haddad e Bolsonaro, que deve ser explorado por Pimentel. 

Durante toda a campanha, o petista nacionalizou seu discurso, criticando o PSDB pelo apoio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), enquanto Anastasia buscou comparar as gestões no estado que também governou. Num segundo turno, Pimentel pode crescer empurrado por uma onda vermelha pró-Haddad.

Anastasia seria levado para o campo de Bolsonaro, algo que ele gostaria de evitar por, intimamente, não concordar com as propostas do capitão reformado.

Mesmo que Anastasia fique neutro, seu entorno se identifica com o candidato do PSL. O candidato a vice-governador do tucano, Marcos Montes (PSD), chegou a defender publicamente voto em Bolsonaro. Além disso, um desgaste do presidenciável pode respingar na campanha local.

“[Ir para o segundo turno] É mais um elemento de problemática na campanha porque o palanque dele [Pimentel] já está alinhado e no nosso não é uma coisa homogênea e pacífica. Há conflitos. Não é uma coisa redondinha, enquanto Pimentel vai tentar ancorar no Haddad e no Lula”, afirma o secretário-geral do PSDB nacional, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).

O deputado mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB) diz não acreditar que o cenário local seja afetado pelo possível contexto nacional no segundo turno.

“Se não der para vencer no primeiro turno, não vejo, qualquer cenário que seja no segundo turno, o debate no campo federal, com quem quer que seja, polarizando ou não, afetar a campanha em Minas”, opina Abi-Ackel.

Nestes momentos finais da campanha, tucanos estão reforçando a mobilização de lideranças municipais. Aliados de Anastasia dizem ter apoio de mais de 600 dos 853 prefeitos mineiros. O apelo ao antipetismo também têm aparecido com mais força em entrevistas e debates, quando Anastasia liga as gestões do PT às crises no país e em Minas.

“Fizemos campanha em cima do Anastasia gestor. Depois, sobre o que ele fará para colocar as contas públicas em ordem. Neste último momento, resolvemos ousar um pouco e chamar o eleitor para o voto útil”, explica Alexandre Silveira, um dos coordenadores da campanha tucana em MG e herdeiro da cadeira de Antonio Anastasia no Senado, caso ele consiga ser eleito governador.

A tentativa de atrair votos da chamada terceira via já no primeiro turno, seja de Romeu Zema ou de Adalclever Lopes (MDB), é o mote de uma propaganda veiculada na reta final da campanha que prega o voto útil contra o PT. 

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, porém, suspendeu a publicidade tucana por considerá-la irregular, já que não traz a presença de Anastasia e é totalmente gravada em ambiente externo. 

Na peça publicitária, dois homens conversam sobre em quem irão votar. Um deles diz que votará em Zema ou Adalclever, enquanto o outro indica voto em Anastasia e afirma: “os votos que vão para o Zema e para o Adalclever podem levar a eleição para o segundo turno, e o segundo turno é outra eleição.”

Pimentel tem criticado a campanha pelo voto útil pregada pelo tucano. “É um argumento que não tem cabimento numa democracia. ‘Ah, vamos evitar o segundo turno’.

O segundo turno é previsto na lei. Achei muito desrespeitoso. O eleitor tem direito de votar em quem ele quiser”, disse o petista na quarta-feira (3).

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