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Eleições 2018

Sem líder, sete atravessaram programa em conflitos vazios e tabelas

Último debate entre presidenciáveis antes do primeiro turno não teve a presença de Bolsonaro

Presidenciáveis participam do último debate na TV antes do primeiro turno das eleição. Encontro foi promovido pela TV Globo
Presidenciáveis participam do último debate na TV antes do primeiro turno das eleição. Encontro foi promovido pela TV Globo - Daniel Ramalho - 4.out.2018/AFP
Nelson de Sá
São Paulo

Não faltaram tentativas, mas Bolsonaro, que foi liberado para falar à vontade na Record, passou sem maiores arranhões pelo debate na Globo. A ausência foi anunciada burocraticamente pelo mediador William Bonner, na abertura.

E um inexpressivo e atrapalhado Haddad tentou criticar desde logo o líder com temas econômicos, mas tropeçou nas palavras e logo mudou de assunto.

Coube a Boulos, em seguida e iniciando uma série de parcerias com o petista, se exaltar na defesa da democracia e contra Bolsonaro. Mas, sem chance real, está na campanha para levar adiante suas bandeiras sociais —e foi o que mais fez ao longo do programa.

De sua parte, Marina depois citou, muito de passagem, que o líder "mais uma vez amarelou". Foram dois dos poucos momentos em que a plateia se empolgou de fato, levando Bonner a ralhar —embora, como em quase tudo, sem convicção.

Ciro ainda mencionou a ausência mais para a frente, mas já sem animar o auditório ou a audiência. Também Alckmin, quando falou, de passagem, do possível retorno da CPMF.

Como se fossem nanicos todos, os sete se perderam nas próprias agendas ou em polarizações desenhadas quando a corrida começava e ainda sonhavam.

Alckmin aproveitou suas entradas no mais das vezes para bater em Haddad, como se buscasse tomar seus votos —e chegar a um segundo turno que talvez nem aconteça. Seu par constante, Dias tentou se manter na fantasia paralela de que representa a rejeição à política tradicional.

Assim como nos enfrentamentos vazios entre as duplas reunidas algo burocraticamente pelo modelo do debate, sobraram elogios desajeitados. Ciro chamou de "sábias" as palavras de Marina e depois viu "sabedoria" em Meirelles, este a sua tabela repetitiva.

Meirelles ao menos atravessou os blocos concentrado em defender sua biografia e suas ideias, talvez consciente do exercício de ficção que era aquele debate sem o líder disparado.

Seria possível dizer que o programa foi conteudístico, que esclareceu temas como a reforma trabalhista. Também o formato adotado poderia ser dado como bem-sucedido, ao permitir expressão mais livre. Mas não havia conflito, de fato. Conteúdo e forma pouco importavam, sem Bolsonaro.

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