Não faltaram tentativas, mas Bolsonaro, que foi liberado para falar à vontade na Record, passou sem maiores arranhões pelo debate na Globo. A ausência foi anunciada burocraticamente pelo mediador William Bonner, na abertura.
E um inexpressivo e atrapalhado Haddad tentou criticar desde logo o líder com temas econômicos, mas tropeçou nas palavras e logo mudou de assunto.
Coube a Boulos, em seguida e iniciando uma série de parcerias com o petista, se exaltar na defesa da democracia e contra Bolsonaro. Mas, sem chance real, está na campanha para levar adiante suas bandeiras sociais —e foi o que mais fez ao longo do programa.
De sua parte, Marina depois citou, muito de passagem, que o líder "mais uma vez amarelou". Foram dois dos poucos momentos em que a plateia se empolgou de fato, levando Bonner a ralhar —embora, como em quase tudo, sem convicção.
Ciro ainda mencionou a ausência mais para a frente, mas já sem animar o auditório ou a audiência. Também Alckmin, quando falou, de passagem, do possível retorno da CPMF.
Como se fossem nanicos todos, os sete se perderam nas próprias agendas ou em polarizações desenhadas quando a corrida começava e ainda sonhavam.
Alckmin aproveitou suas entradas no mais das vezes para bater em Haddad, como se buscasse tomar seus votos —e chegar a um segundo turno que talvez nem aconteça. Seu par constante, Dias tentou se manter na fantasia paralela de que representa a rejeição à política tradicional.
Assim como nos enfrentamentos vazios entre as duplas reunidas algo burocraticamente pelo modelo do debate, sobraram elogios desajeitados. Ciro chamou de "sábias" as palavras de Marina e depois viu "sabedoria" em Meirelles, este a sua tabela repetitiva.
Meirelles ao menos atravessou os blocos concentrado em defender sua biografia e suas ideias, talvez consciente do exercício de ficção que era aquele debate sem o líder disparado.
Seria possível dizer que o programa foi conteudístico, que esclareceu temas como a reforma trabalhista. Também o formato adotado poderia ser dado como bem-sucedido, ao permitir expressão mais livre. Mas não havia conflito, de fato. Conteúdo e forma pouco importavam, sem Bolsonaro.
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