Zema, do Novo, e Anastasia, do PSDB, disputam segundo turno em Minas

O atual governador Fernando Pimentel, do PT, ficou em terceiro lugar e está fora da disputa

Carolina Linhares Daniel Carvalho
Belo Horizonte e Brasília

A eleição para governador de Minas Gerais sofreu uma reviravolta, e Romeu Zema (Novo), 53, que aparecia em terceiro lugar nas pesquisas, chegou à frente no primeiro turno, com 42% dos votos válidos.

No segundo turno, ele enfrentará o ex-governador e senador Antonio Anastasia (PSDB), 57, que liderava as pesquisas e alcançou 29% neste domingo (7).

Este resultado tirou da disputa o atual governador, Fernando Pimentel (PT), 67, que obteve 22% dos votos. O petista não deu entrevistas, mas agradeceu em nota o apoio obtido e afirmou que o resultado das urnas é soberano.

A perda do segundo colégio eleitoral do país é um revés para o PT, que contava com o governador no segundo turno para dar palanque a Fernando Haddad (PT).

“As pessoas já demonstraram que estão cansadas dos mesmos políticos e das mesmas promessas. O PT não será capaz de resolver os problemas da crise que eles mesmos causaram”, afirmou Zema após a oficialização de sua vaga no segundo turno.

Zema arrancou na última semana da eleição. Petista e tucano eram os favoritos para o segundo turno, de acordo com as pesquisas.

O novo cenário também vai exigir nova estratégia dos tucanos, que, na semana passada, acreditavam ser possível liquidar a eleição no primeiro turno e, no pior dos cenários, enfrentar o PT.

Em pronunciamento após o resultado, Anastasia afirmou ter cumprido seu papel ao tirar o PT da disputa e mirou a comparação de experiência na gestão pública, já que Zema nunca disputou eleição.

“Só com dois candidatos e tendo mais debates, mais tempo de TV, mais apresentações e mais inserções, num cenário novo, um cenário político sem o PT, vamos ter a oportunidade de comparar o perfil, a biografia de cada candidato. Vamos ver o que cada candidato tem por experiência, por preparo, por conhecimento técnico, o que já fez por Minas Gerais ao longo de sua trajetória”, disse.

O candidato Romeu Zema, que vai disputar o governo de Minas Gerais no segundo turno
O candidato Romeu Zema, que vai disputar o governo de Minas Gerais no segundo turno - William Álvaro/Divulgação

Nos últimos dias de setembro, o empresário de Araxá tinha 9% das intenções de voto, segundo o Datafolha. A subida do empresário do Triângulo Mineiro foi a reboque de Jair Bolsonaro (PSL).

Ao participar do debate da TV Globo, na terça (2), Zema pediu votos ao final tanto para o presidenciável de seu partido, João Amoêdo (Novo), como para o capitão reformado.

Zema foi duramente repreendido pelo Novo por infidelidade partidária. Ele tentou se explicar, afirmando que, na verdade, pediu que eleitores de Bolsonaro votassem nele.

“Já era 1h da manhã, tinha trabalhado o dia todo e a frase não saiu com muita clareza”, disse à Folha. Na reta final, Zema também apelou ao antipetismo: “Vamos tirar o PT do segundo turno”, pregavam suas redes sociais.

Desconhecido antes das eleições, Zema e sua família possuem uma rede de 430 lojas em 170 cidades. O carro-chefe é o varejo de móveis e eletrodomésticos, mas os negócios se estendem até a distribuição de combustíveis.

Para ele, a rede de 5.000 funcionários diretos ajudou a impulsioná-lo. “Desde janeiro estou percorrendo todo o estado de Minas. Tenho funcionários e ex-funcionários espalhados em todo o estado que gostam muito de mim. Apesar de ficar muito claro que eu não utilizei a empresa hora alguma, acaba de certa forma contribuindo. Quem é varejista está sempre em contato com o público”, afirmou.

Zema declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 70 milhões. Arrecadou quase R$ 700 mil para sua campanha —ele contribuiu com R$ 35 mil. Outros empresários doaram quantias, mas a metade do recurso veio do Partido Novo, que não usa verba pública e se financia por meio de 25 mil filiados contribuintes no país.

No segundo turno, em vez de seis segundos de TV e participação somente em um debate, Zema competirá em pé de igualdade com Anastasia.

O tucano, por sua vez, também tem aliados buscando carona em Bolsonaro. O senador eleito em sua chapa, Rodrigo Pacheco (DEM), já indicou que apoiará o capitão.

Seja quem for eleito, terá que enfrentar uma grave crise fiscal no estado, com um rombo de R$ 11,4 bilhões, o que também foi responsável pela queda de Pimentel.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.