Como tornar palpitantes 20 minutos sobre Hermes da Fonseca ou encontrar áudios originais da república do café com leite? E como organizar os mais de 18 anos de Getúlio Vargas no poder?
Narrar, no podcast Presidente da Semana, a história de todos os presidentes do Brasil, de Deodoro a Bolsonaro, revelou-se a versão em áudio de escalar uma montanha.
Como contamos lá, o país foi ficando cada vez mais complexo, os áudios e vídeos a serem pesquisados se multiplicaram, e as dificuldades (e a duração de cada episódio) aumentaram -- mas continuávamos a ter os mesmos sete dias para, a cada segunda-feira, publicar a história de um mandatário até o eleito em outubro.
Desafiando o bom senso, jamais formamos um estoque de segurança de episódios --sempre por culpa do roteirista. Faltou tempo livre, sobraram madrugadas de trabalho e não podíamos nem pensar em adoecer. A linha de produção de entrevistas, pesquisa, roteiro, gravação e edição não podia parar.
Contar a epopeia da construção da nova capital foi fácil perto de detalhar tudo que estava em jogo em 1964. E o golpe nem pareceu tão complicado perto de dar conta das ambiguidades da ditadura que se fecharia e se abriria em uma valsa de presidentes militares.
Como organizar os lances de nossa inacreditável redemocratização?
De novo, fichinha perto de se aproximar do presente, com a dificuldade de resumir presidências que já cobrimos como jornalistas e que a maioria dos ouvintes acompanhou e sobre as quais tem opinião formadíssima --e ai de nós se saíssemos 1 cm do que eles esperavam sobre FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro.
O feedback do público foi o lance mais sensacional de todo o projeto.
Não esperávamos que a série fosse muito além de um nicho de interessados pela história política brasileira, e nos surpreendemos com o mar de mensagens de estudantes querendo ler mais a respeito, pais e filhos ouvindo episódios juntos, gente agradecida por ter enfim entendido o passado e mais à vontade para opinar sobre o presente.
As críticas também foram estimulantes.
Ou pegamos leve ou fomos muito duros com FHC, ou não respeitamos a grandiosidade do legado ou absolvemos os desmandos de Lula e Dilma, ou fomos muito críticos com quem ainda nem tomou posse --é que achamos conveniente manter o tom crítico com todos, sabe?
Foram mais de seis meses de trabalho e mais de 17 horas em 29 episódios. Ouça e decida qual é o melhor presidente do Brasil --ou o menos ruim.
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