Toffoli se diz otimista com Brasil e diz que protagonismo deve sair do Judiciário

Presidente do STF não comentou a nomeação do juiz Sergio Moro para o superministério da Justiça

Danielle Brant
Nova York

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, afirmou nesta quinta-feira (1º) estar otimista com o Brasil e disse que, agora, o protagonismo do desenvolvimento nacional deve voltar à política, depois de ser assumido pelo Judiciário nos últimos anos.

As declarações foram feitas a uma plateia de juristas que participavam de um jantar em Nova York, onde o ministro participar de um seminário de dois dias organizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) em conjunto com a Universidade de Columbia.

Também estão na cidade americana o ministro Gilmar Mendes (STF) e João Otávio de Noronha, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entre outros nomes.

O ministro Dias Toffoli, atual presidente do Supremo Tribunal Federal
O ministro Dias Toffoli, atual presidente do Supremo Tribunal Federal - Pedro Ladeira - 24.out.2018/Folhapress

“Sou otimista. Não só sou otimista como estou otimista. Nesses últimos quatro anos, vejam quantas questões da maior gravidade nós enfrentamos e arbitramos, e a sociedade brasileira continuou democrática, respeitando as decisões.”

Para o presidente do STF, a população tem que ter “muito orgulho do Poder Judiciário brasileiro.” 

“Nós devemos defender este, que é o pilar do estado democrático de direito. Não existe democracia sem um judiciário independente, sem um Judiciário autônomo. E no Brasil há um poder judiciário autônomo e independente.”

No discurso, ele não mencionou a nomeação do juiz Sergio Moro, escolhido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para comandar o “superministério” da Justiça.

Sobre Bolsonaro, afirmou que ele deve ser respeitado e aceito como aquele que vai liderar o “destino desta grande nação.”

Ele defendeu ainda que a sociedade assuma seus problemas. Em uma sociedade complexa, afirmou, o número de relações humanas aumenta, assim como os conflitos. “Se tudo tiver que parar no judiciário, não teremos pernas e condições de resolver todos os problemas”, afirmou.

Segundo ele, em vez de olhar somente para um líder ou autoridade instituída, a sociedade deveria saber se organizar para resolver seus problemas. “As pessoas passam, as instituições ficam”, resumiu.

Depois de anos sob os holofotes, Toffoli afirmou que o Judiciário deve render o protagonismo, agora, para a política.

“É necessário que, com a renovação democrática ocorrida nas eleições gerais de outubro deste ano, que a política volte a liderar o desenvolvimento nacional. Nós passamos, nos vários anos recentes, com o Judiciário sendo um protagonista”, afirmou. “É necessário restaurar a confiança na política para que possamos voltar à clássica distinção: o legislativo cuida do futuro, o executivo cuida do presente e o Judiciário pacifica os conflitos ocorridos.”

Toffoli disse que o judiciário continuará com sua missão de moderador. Para ele, o foco deve ser na pacificação de conflitos, com um “Judiciário menos judicatório, e mais humanizador.”​

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