Candidatura de Tebet acelera articulação contra Renan na disputa ao Senado

Major Olímpio (PSL-SP) diz que candidatos podem se unir contra o senador alagoano

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Brasília

A decisão da senadora Simone Tebet (MDB-MS) de enfrentar internamente seu colega Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela presidência do Senado acelerou uma articulação de adversários em oposição ao senador alagoano.

Nesta terça-feira (22), o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) procurou Tebet e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para conversar sobre suas candidaturas. Disse que, para derrotar Renan, pode abrir mão de sua própria candidatura.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à presidência do Senado
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à presidência do Senado - Eduardo Anizelli - 11.mai.2016/Folhapress

“Fui dizer que sou candidato, mas, desde o princípio, estamos conversando com as candidaturas colocadas para ter uma candidatura que pudesse fazer frente à candidatura Renan”, afirmou Olímpio.

Em um primeiro momento, Renan e Tebet se enfrentarão na próxima terça-feira (29), na reunião da bancada do MDB. A senadora já disse que, mesmo que não seja escolhida pelos correligionários, pode disputar com uma candidatura avulsa.

“Não existindo a candidatura Renan, ela passa a ser uma candidatura que está no processo de construção conosco para verificarmos quem tem mais potencial para a eleição à presidência”, afirmou Major Olímpio, que já conversou com outros candidatos, como Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Alvaro Dias (PODE), também dispostos a enfrentar Renan.

Em uma terça movimentada para um dia de recesso, Simone Tebet foi ao Senado e telefonou para Renan Calheiros, informando-o que era candidata. O senador tem se movimentado nos bastidores, mas evita assumir publicamente que disputará o cargo.

Renan foi às redes sociais dizer que a candidatura dela “robustece o processo decisório e consolidará ainda mais a união da nossa bancada. O fundamental é que cheguemos juntos ao plenário no dia 1º de fevereiro”.

A assessoria do presidente nacional do MDB, Romero Jucá, divulgou nota afirmando que o partido via com satisfação o lançamento da candidatura. “Em nenhum momento esta candidatura divide o MDB”, diz o comunicado.

Em conversa com jornalistas, Simone Tebet reclamou da interferência do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na eleição parlamentar.

Ela afirmou ter tomado conhecimento de que o DEM manteria a candidatura de Alcolumbre, apesar de o MDB ter a maior bancada da Casa, e que o partido preferiria a candidatura de Renan por considerá-la mais frágil devido aos arranhões em sua imagem provocados por 18 inquéritos de que já foi alvo no STF (Supremo Tribunal Federal) —9 casos foram arquivados.

“Por parte do DEM, já tive uma conversa, uma sinalização de que interessaria até para o DEM uma candidatura do Renan contra eles porque, mesmo com voto fechado [secreto], eles acham que poderiam ganhar do MDB. Isso é algo que está circulando dentro do Senado. A princípio, acho que eles estão equivocados”, disse a senadora.

Questionada sobre se entendia haver atuação direta de Lorenzoni, respondeu que sim.

“Não tem como não ter [dedo do ministro]”, afirmou. “O que circula na Casa muito fortemente é que o DEM tem uma preferência por uma candidatura do MDB frágil porque o DEM quer a presidência do Senado. É o DEM, não o governo. Porque o governo quer a governabilidade”, disse a senadora, lembrando que “não se vota uma reforma da Previdência sem ter a maior bancada apoiando”.

A senadora disse que não é a candidata do governo, mas que não negaria recebimento de apoio. Oficialmente, o MDB diz ter optado por “independência a favor do país”.

“Vou apoiar iniciativas do governo se achar que é bom para o país”, afirmou Tebet. “Meu problema não é com o governo. Estou dando o benefício da dúvida. Por enquanto é um movimento da bancada do DEM, que já tem três ministérios, disputa a presidência da Câmara e quer a presidência do Senado. Este é um momento em que você tem que ter a balança fiel da tripartição dos poderes.”

A senadora reclamou também com Olímpio na conversa que tiveram à tarde.

Para ele, a conduta de Onyx gera desconforto e atrapalha o governo Bolsonaro.

“Cada um esperneia como quer. Acho que o governo tem que ser governo. Se alguém estiver com condutas partidárias, muitas vezes pode atrapalhar o governo. Eu faço coro no sentimento da Simone”, afirmou Olímpio após conversa com Tebet.

“O mais importante é a governabilidade. Condutas partidárias, neste momento, elas mais atrapalham do que ajudam em relação a isso”, disse o senador eleito.

Procurado por meio de sua assessoria, Onyx informou que não iria se manifestar.​

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