Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) na madrugada deste sábado (2) impondo voto secreto na eleição para a presidência do Senado foi seguida de cenas inusitadas ao plenário da Casa.
A principal delas foi quando, durante a apuração da primeira votação manual, descobriu-se que haver 82 cédulas, sendo que só há 81 senadores na Casa. Havia 80 cédulas de votação dentro de envelopes, a forma correta, e duas fora deles. Com a confusão, uma nova votação foi realizada.
Antes, senadores favoráveis ao voto aberto decidiram abrir a cédula e, em alguns casos, anunciaram seu candidato, em protesto à liminar expedida à 0h pelo presidente do STF, Dias Toffoli, determinando eleição secreta.
Alguns parlamentares foram além como Jorge Kajuru (PSB-GO), que delegou seu voto a seguidores de rede social que o definiram em enquete pública.
Potencialmente favorecido pelo voto secreto, por ter apoio envergonhado de parte dos colegas, Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiu emplacar dois aliados na Mesa Diretora, ao contrário da véspera.
Um deles, Jorge Maranhão (MDB-PB), que presidiu a sessão por ser o senador mais velho —85 anos— deu o tom do cansaço que a eleição interna causou. Após o depósito das cédulas por todos os senadores, Maranhão anunciou ao microfone: “Vou dar uma mijada”.
O senador, na presidência da sessão, cancelou a exoneração do secretário-geral Luiz Fernando Bandeira de Mello, o segundo aliado de Renan presente à Mesa na eleição.
Na sexta-feira (1º), o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) insistiu em ficar na presidência da sessão apesar de questionamentos, por ter sido candidato a presidente.
Kátia Abreu (PDT-TO) foi uma das mais ferozes críticas de Davi na véspera. Ela chegou a tomar a pasta de trabalhos do colega para impedi-lo de presidir a sessão.
No sábado, entregou-lhe um buquê de rosas brancas para restabelecer a paz. “Não dei a pasta, mas dei flores”, ela disse.
Três senadores desistiram na última hora de disputar a presidência da Casa, favorecendo Davi como o nome para barrar Renan. Simone Tebet (MDB-MS), Alvaro Dias (Pode-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) deixaram a eleição e Tasso Jereissati (PSDB-CE), que se dizia candidato, terminou por não se registrar.
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