Violência contra jornalistas avançou no país em ano eleitoral, diz relatório

Em 2018, foram três assassinatos e aumento de 50% de casos de violência não letal

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São Paulo

O número de jornalistas assassinados e alvos de violência aumentou no último ano. Segundo o relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), lançado nesta quarta-feira (20) em Brasília, foram três assassinatos em 2018, dois a mais do que no ano anterior.

Os casos de Jefferson Pureza Lopes, Jairo Sousa e Marlon Carvalho, os três radialistas assassinados, são semelhantes. Segundo a pesquisa, todos atuavam em cidades interioranas e morreram depois de divulgarem críticas e denúncias contra autoridades públicas e políticos locais.

Ataque contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula está entre os casos de agressão contra jornalistas, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), publicado em outubro - Marlene Bergamo - 27.mar.2018/Folhapress

Casos de atentados, agressões, ameaças e ofensas, categorizados como violência não letal, tiveram aumento de 50% em relação aos 76 casos registrados em 2017. A associação contabilizou 114 registros envolvendo pelo menos 165 profissionais e veículos de comunicação no ano passado.

Nesta categoria, as agressões físicas são as mais recorrentes —representam 34% dos casos. O relatório aponta que os profissionais de TV foram as principais vítimas entre os 54 comunicadores agredidos, e que 72% dos casos estão nas regiões Sul e Sudeste do país.

São Paulo contabiliza 12 casos, o maior número entre os estados. O Norte é a única região em que não houve registro de agressão.

Os principais autores dos casos foram manifestantes e militantes partidários. “Em praticamente todas as regiões, repórteres, cinegrafistas e fotógrafos receberam empurrões, socos e chutes. Mordidas também se tornaram uma das formas de agressão mais comuns”, registra o relatório.

A pesquisa mostra que, durante as coberturas de rua, jornalistas tiveram que lidar com gritos e palavras de ordem. Foram registradas 15 intimidações contra pelo menos 23 jornalistas, um aumento de 275% em relação a 2017 —o relatório aponta, no entanto, que categoria ainda é subnotificada segundo a pesquisa.

Os radialistas também foram as vítimas dos três atentados contabilizados, todos com arma de fogo —a associação considera essa a categoria mais grave de violência depois do assassinato.

O relatório de 2018 da Abert é o primeiro com um capítulo à parte para os crimes virtuais. Entre os 11 casos de ameaças, ofensas e ataques digitais está o da repórter da Folha Patrícia Campos Mello. A jornalista sofreu ofensas depois da publicação de reportagem que mostrava que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT durante a campanha eleitoral.

Imprensa no mundo

O relatório reúne outros levantamentos que colocam o país como um dos menos seguros para jornalistas. Segundo o Índice de Impunidade elaborado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), o Brasil ocupa a 10ª posição entre os 14 países com pelo menos cinco casos de crimes impunes.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classifica o ambiente de trabalho para jornalistas no país como “cada vez mais instável”, mostra a pesquisa. O Brasil está em 102° lugar entre os 180 avaliados no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, uma posição acima do ano anterior.

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