Para PF, hacker invadiu contas de mais autoridades e relato tem contradições

Walter Delgatti Neto teve nova oitiva marcada pelos investigadores

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Brasília

​​Apesar de Walter Delgatti Neto, preso na última terça-feira (23), ter confessado ser o hacker que invadiu contas de autoridades da Lava Jato, a Polícia Federal vê contradições em seu depoimento. Uma nova oitiva havia sido marcada para falar sobre pontos descobertos pela investigação.

Delgatti tem sido chamado internamente por investigadores de “contador de histórias”, característica considerada típica de estelionatários.

RG de Walter Delgatti Neto. Na foto, ele está vestindo terno e gravata.
Walter Delgatti Neto, 30, um dos presos por ataque hacker contra autoridades, entre elas o ministro da Justiça, Sergio Moro - Reprodução

Ainda assim, a PF tem dito que o suspeito tem colaborado com a apuração. 

Um dos exemplos principais de sua boa vontade, segundo policiais, foi o fato de ele ter disponibilizado senhas de seu celular e de serviços que armazenam dados nas nuvens da internet. 

Entre as contradições, investigadores dizem que o hacker faltou com a verdade sobre o número de autoridades que atacou. 

O suspeito limitou sua atuação a pouco mais de dez pessoas públicas. Ele afirmou ter sido o responsável por passar mensagens da Lava Jato para o site The Intercept Brasil, de forma anônima, voluntária, como revelou a Folha, e sem edição.

O teor completo do depoimento dele foi revelado nesta sexta (26) pela GloboNews.

Delgatti disse não ter sido o autor de invasões das contas do ministro Paulo Guedes (Economia) e da deputada Joice Hasselman (PSL-SP), por exemplo.

Policiais apontam que a investigação tem um número muito maior de vítimas do que o Delgatti confessou, conforme trabalho da perícia. 

Há mais de 5.000 ligações feitas de um canal vinculado a ele para tentativas de invasão, com cerca de mil alvos.

As informações da PF serão usadas para confrontar o investigado em um segundo depoimento. 

Outro episódio de contradição apontado pela polícia ocorreu no dia da busca e apreensão, na última terça (23). 

Segundo informações do Instituto Nacional de Criminalística, um dos celulares de Delgatti estava aberto na conta de Guedes no momento da operação.

O telefone ainda iria passar por perícia, mas a questão já é tratada como confirmada.

A PF também tem na investigação mais detalhes de como o hacker começou a fazer as invasões. Alguns dos pontos apurados são diferentes daqueles declarados por ele em depoimento na última terça. 

Segundo o depoimento, Delgatti procurou Glenn Grennwald, fundador do The Intercept Brasil, por conhecer sua atuação no vazamento de documentos secretos dos EUA, no caso de Edward Snowden. 

Ele afirmou que obteve o contato do jornalista por meio da ex-deputada Manuela D'Ávila (PC do B).

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