Novo caça brasileiro faz primeiro voo na Suécia; veja vídeo

Gripen voou por 65 minutos sem incidentes; Brasil comprou 36 aviões do modelo

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São Paulo

O primeiro caça Gripen destinado à FAB (Força Aérea Brasileira) fez seu voo de teste inaugural nesta segunda (26) na Suécia, onde o modelo é fabricado pela empresa Saab.

 
Primeiro voo do novo caça da FAB, o sueco Gripen, que ocorreu nesta segunda (26) na Suécia
Primeiro voo do novo caça da FAB, o sueco Gripen, que ocorreu nesta segunda (26) na Suécia - Saab/Divulgação

O modelo de um lugar, denominado Gripen E, voou por 65 minutos e fez testes de manobrabilidade. Segundo a Saab, tudo saiu conforme o esperado.

“Este marco é um legado para a grande parceria entre a Suécia e o Brasil. Menos de cinco anos após a assinatura do contrato, o primeiro Gripen brasileiro alçou seu primeiro voo”, disse Hakan Buskhe, presidente e CEO da Saab, em nota.

O Brasil escolheu, após mais de uma década de deliberações, o avião sueco como seu novo modelo padrão, que irá substituir no futuro todos os aparelhos de caça e ataque hoje em ação. O contrato assinado em 2015 é de 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 16,8 bilhões nesta segunda), e o financiamento só começará a ser pago quando os aviões estiverem entregues.

Este primeiro Gripen deve chegar ao Brasil em 2021, enquanto outros 35 aviões serão entregue até 2026. Desses, talvez 15 sejam montados integralmente no Brasil pela Embraer em Gavião Peixoto (SP), com assistência sueca.

Cerca de 350 engenheiros e técnicos da Embraer e de outras empresas brasileiras fornecedoras de peças do avião serão treinados, até o fim do contrato, pela Saab em sua sede em Linköping (pronuncia-se linchóping), de onde o caça decolou nesta segunda.

O Brasil está participando ativamente do desenho e construção da versão de dois lugares do avião, que não existe em outros mercados. Serão oito delas para a FAB, num regime que a Embraer classifica de 50%-50%, e que visa qualificar a empresa brasileira a ser uma exportadora eventual do avião.

Segundo o presidente da Embraer Defesa, Jackson Schneider, o avião é uma das apostas da nova empresa remanescente da excisão da divisão de aviação comercial da fabricante brasileira, em processo de aquisição pela americana Boeing.

O negócio chegou a ameaçar a produção do Gripen no Brasil, já que os suecos temiam o acesso dos rivais americanos a seus processos produtivos e soluções de tecnologia. A manutenção da área militar da Embraer em mãos brasileiras solucionou a questão. Parcerias cruzadas são normais neste mercado: nos EUA, Boeing e Saab oferecem juntas o treinador T-X para a Força Aérea local.

Esta é a terceira geração do Gripen, que teve cerca de 250 aviões vendidos e é operado por seis países. É um caça leve e com muita tecnologia embarcada, tendo seu alcance ampliado na nova versão pelo aumento da capacidade dos tanques de combustível —uma das principais críticas à adoção pelo Brasil era a limitação dos modelos anteriores.

O modelo 39-6001, testado hoje, é o primeiro configurado segundo as especificações da FAB, com mudanças de software e um cockpit novo, no qual as antigas três telas são substituídas por uma única, panorâmica, que concentra os principais parâmetros de voo.

Essa tela gerou polêmica na assinatura do contrato, por adicionar custos e ser produzida por uma empresa brasileira controlada por israelenses, a AEL, que tinha entre seus executivos parentes de oficiais de alta patente da FAB. O Ministério Público Federal chegou a abrir investigação sobre o caso, mas a arquivou sem achar irregularidades.

Os suecos acabaram por adotar a configuração nos seus novos Gripen —há três modelos E em produção para a Força Aérea local.

O lobby feito em favor do Gripen por empresa ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto ao governo Dilma Rousseff, ambos do PT, também é alvo de apuração pelo Ministério Público. A Saab não é acusada de irregularidades.

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