Alcolumbre vê página virada em insulto de Bolsonaro a repórter, e Maia fala em episódio triste

Presidentes do Senado e da Câmara levaram mais de 24 horas para comentar o caso; um dia antes, Bolsonaro insultou repórter com insinuação sexual

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Brasília

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse nesta quarta-feira (19) que o ataque do presidente Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha, é "página virada". Já o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou em "episódio triste e lamentável". 

Um dia antes, Bolsonaro disse: "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]", disse o presidente, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada. Após uma pausa durante os risos, Bolsonaro concluiu: "a qualquer preço contra mim".

Os presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia
Os presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia - Adriano Machado/Reuters

Ao se manifestar sobre o caso mais de 24 horas após o insulto à jornalista com insinuação sexual, Alcolumbre disse que "isso cada um conduz da sua maneira".

"Do ponto de vista da instituição do Senado da República, acho que foi um episódio que é uma página virada, porque já aconteceu. Mas que a gente possa, daqui para frente, conduzir com mais respeito, com mais atenção porque vocês são atores importantes no fortalecimento das instituições", afirmou.

"A gente lamenta porque a gente sabe o papel fundamental da imprensa brasileira, a gente sabe que vocês todos fazem do dia a dia, a vida de vocês, o trabalho de vocês para levar informação. Mas isso cada um conduz da sua maneira. A minha maneira é esta, de conciliar, de agregar, de pacificar", disse o presidente do Senado.

Questionado se o fato de o ataque partir do presidente da República não tornava o caso mais grave, Alcolumbre insistiu em encerrar o assunto.

"Eu já fiz a minha declaração. Acho que este é um episódio que é uma página virada. Eu sei da minha condução. A minha condução eu posso falar sobre ela. Eu trato com muito respeito, com muito carinho, todos vocês. Continuarei tratando e acho que é o caminho adequado manter a  estabilidade, manter a tranquilidade, a pacificação. Os extremos não vão ajudar o Brasil."

Nesta semana, Alcolumbre também foi alvo de comentários preconceituosos por causa da divulgação de um vídeo em que aparece dançando com seu pai. Ele considerou esse caso inaceitável.

"Acho que a CPI [das Fake News] tem levantado questões importantes porque os brasileiros também têm sido agredidos diariamente. Eu fui vítima disso, vocês sabem disso, por um vídeo... o preconceito, a intolerância... E isso é inaceitável", afirmou Alcolumbre.

Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que não se manifestou imediatamente após o insulto de Bolsonaro porque sua posição sobre o assunto já é conhecida.

“Eu já comentei sobre esse assunto, da gravidade desse assunto, todos sabem a minha posição, eu não preciso ficar narrando cada vez que um episódio triste e lamentável como esse acontece”, afirmou, ao chegar à Câmara para se reunir com o ministro Dias Toffoli (Supremo Tribunal Federal).

Maia defendeu a importância da liberdade de imprensa para a democracia. “Tudo o que acontece que vai na linha contrária vai sinalizando de forma negativa para a sociedade e para os investidores no Brasil. Então todos vão olhando com dificuldade”, comentou.

“Por isso que, quando começa o ano, a economia está sempre crescendo num patamar mais alto, chega no final do ano a economia caminha para outro patamar, porque esse tipo de declaração sempre vai gerando perplexidade e insegurança na sociedade brasileira.”

Toffoli foi procurado por meio de sua assessoria de imprensa, mas, até o final da manhã desta quarta-feira, não se manifestou sobre o caso. O procurador-geral da República, Augusto Aras, também não se posicionou sobre a declaração do presidente.

Já a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse que a importunação verborrágica contra a mulher é uma violência moral, tão grave quanto qualquer outra. “Ela dói tanto quanto a dor física porque ela agride a alma da mulher brasileira”.

Segundo ela, “essa dor é potencializada quando [a agressão] é dita por autoridades públicas”.

Sem citar claramente o ataque de Bolsonaro à repórter da Folha, a senadora aproveitou a sessão da CCJ desta quarta-feira (19) para defender que a importunação verbal também seja tipificada como agressão contra a mulher.

“Fica aqui o meu manifesto de repúdio e o que realmente me estranhou foi a manifestação, mas, mais do que isso, a reação de deboche e de risada quando palavras tão insensíveis foram ditas”, discursou Tebet. “Nós precisamos de igualdade para encontrar paz.”

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