Declarações de Bolsonaro em reunião foram evidenciadas em fatos posteriores, diz Moro

'Defendo, respeitosamente, a divulgação do vídeo, preferencialmente na íntegra', afirma ex-ministro

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Brasília

O ex-ministro Sergio Moro afirmou, por meio de nota, que o acesso ao vídeo da reunião ministerial de 22 de abril "confirma o conteúdo" do depoimento prestado por ele à Polícia Federal no último dia 2.

"Defendo, respeitosamente, a divulgação do vídeo, preferencialmente na íntegra, para que os fatos sejam brevemente confirmados", disse.

O vídeo da reunião foi exibido nesta terça-feira (12) na PF em Brasília. Moro acompanhou presencialmente a exibição ao lado de integrantes da PGR (Procuradoria-Geral da República), advogados do ex-ministro e integrantes do governo federal e da PF.

O vídeo do encontro, ainda sob sigilo, faz parte do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as acusações que Moro fez a Bolsonaro de interferência na Polícia Federal. O ex-juiz da Lava Jato deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente.

Segundo pessoas que tiveram acesso à gravação, Bolsonaro vinculou a mudança do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro a uma proteção de sua família.​

De acordo com os relatos, Bolsonaro disse que trocaria todos da "segurança" do Rio, o chefe da área e até o ministro - na época, o da Justiça era Moro, que deixou o governo três dias depois daquela reunião ministerial. Na interpretação de quem assistiu ao vídeo, as palavras foram um recado a Moro.​

Em sua nota, ex-ministro vincula as frases do presidente aos episódios que ocorreram nos dias seguintes àquela reunião.

"As declarações feitas na reunião foram evidenciadas, também, pelos fatos posteriores: demissão, sem motivo, do Diretor-Geral da PF, troca do Superintendente da PF no RJ, além da minha própria exoneração por não concordar com as mudanças", disse o ex-ministro.

Nesta terça (12), Bolsonaro afirmou, no entanto, que no vídeo não aparecem as palavras "Polícia Federal" ou "superintendência", mas, questionado por jornalistas se havia falado sobre apurações envolvendo seus parentes, não negou preocupação com a segurança dos filhos.

"Esse informante, esse vazador... Não existe no vídeo a palavra Polícia Federal, nem superintendência. Não existem essas palavras", declarou Bolsonaro, na rampa do Palácio do Planalto, enquanto seus ministros prestavam depoimento à PF.

"A reunião ministerial sai muita coisa. Agora, não é para ser divulgado. A fita tinha que ser, inclusive, destruída após aproveitar imagens para divulgação, ser destruída. Não sei porque não foi. Eu poderia ter falado isso, mas jamais eu ia faltar com a verdade. Por isso resolvi entregar a fita. Se eu tivesse falado que foi destruída, iam fazer o quê? Nada. Não tinha o que falar", disse o presidente.

De acordo com relatos à Folha, Bolsonaro usou, na reunião, o verbo "foder" ao falar do impacto de uma possível perseguição a seus familiares.

O presidente, segundo pessoas que tiveram acesso à gravação, disse que não poderia ser "surpreendido" porque, de acordo com ele, a PF não repassava informações.

Bolsonaro teria afirmado que seus familiares e amigos estariam sendo perseguidos e poderiam ser prejudicados. O presidente, segundo relatos à Folha, disse que não poderia ser "surpreendido" porque, de acordo com ele, a Polícia Federal não repassava informações.

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