Sem verba do PSL, primo de Bolsonaro apela a aliados para fazer campanha em Jaboticabal

Candidato tem ajuda de postulantes à Câmara, que bancaram panfletos para atos em bairros da cidade

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Jaboticabal (SP)

Estreante na política, o candidato Marcos Bolsonaro (PSL) tem enfrentado um problema diário ao sair às ruas para fazer sua campanha à Prefeitura de Jaboticabal: não tem os clássicos santinhos em mãos para entregar aos eleitores com propostas e o número de sua chapa.

O cenário não é exclusivo da cidade e se repete em outras do interior paulista nas quais o partido lançou candidatos às prefeituras e Câmaras Municipais.

No comitê do candidato em Jaboticabal, o que se vê numa mesa é uma Bíblia aberta e alguns materiais do próprio partido, produzidos há meses e que não têm o nome do concorrente à prefeitura impresso.

Com isso, sem dinheiro para fazer a campanha, o que Bolsonaro tem feito é apelar aos candidatos a vereador de Jaboticabal em suas caminhadas na cidade (a 342 km de São Paulo).

“Temos três ou quatro candidatos que tiveram condições de fazer santinhos e vamos com eles aos bairros, às ruas”, disse o candidato, primo distante do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Panfletos desses concorrentes também estão no comitê.

O partido, que não se coligou com nenhuma outra legenda, lançou 20 candidatos à Câmara de Jaboticabal, terceira maior cidade da região administrativa de Ribeirão Preto e que tem cobertura integral da Folha nas eleições deste ano.

Coronel da reserva, Luiz Antonio Artioli (PSL), candidato a vice, disse que o partido tem tentado explorar redes sociais na campanha para suprir o deficit de materiais para a ida com mais frequência às ruas.

“Não tem como fazer campanha [sem panfletos], estamos fazendo o possível. Na rua, fica desigual a campanha [em relação aos outros quatro concorrentes].”

Segundo o partido, o diretório estadual havia prometido enviar material até a semana passada, o que não ocorreu, e aguardavam o recebimento para esta semana —o que também não se confirmou até aqui.

A situação enfrentada por Bolsonaro em Jaboticabal não é única no partido. O diretório estadual do PSL tem sido questionado por diretórios municipais em busca de impressos para as campanhas.

Em cidades como Taquaral, Santo Antônio da Alegria, Cajuru, Batatais, Orlândia e Serra Azul, filiados ao partido reclamam do atraso no envio do material e dizem que estão fazendo o possível para não desestimular os candidatos.

O descontentamento atinge também cidades em que o partido não lançou candidato à prefeitura, como é o caso de Cajuru.

“Fizemos uma parte [do material] por conta para não parar a campanha e estamos usando mais redes sociais. A gente fica um pouco engessado sem material”, disse Thiago Durigan, presidente do diretório do PSL na cidade.

O partido lançou dez candidatos à Câmara, sendo três mulheres, e não se coligou a nenhum dos quatro candidatos à prefeitura. “O novo prazo que nos deram vence hoje [sexta]. Somos brasileiros, não desistimos nunca.”

Por meio de nota, o diretório do PSL no estado informou que foram produzidos materiais para todos os candidatos nos municípios paulistas que fizeram solicitação e que o cronograma da executiva está em dia, "que visa o abastecimento nos últimos 20 dias que antecedem as eleições, período em que a campanha normalmente se intensifica".

Ainda conforme o partido, a previsão é que até a próxima semana todos recebam o material.

"A executiva observa ainda que grande parte das cidades do interior do estado de São Paulo já está recebendo material, e ressalta que, contudo, é logisticamente inviável que toda a produção dos mais de 300 municípios seja entregue simultaneamente", diz trecho da nota.

Conhecida como Athenas Paulista, mas também já chamada de Cidade das Rosas e de Cidade da Música, Jaboticabal tem cobertura completa da Folha durante as eleições municipais deste ano.

Uma campanha parelha, problemas estruturais e a atuação restrita da imprensa profissional são alguns dos ingredientes que tornam interessante a cobertura jornalística nessa cidade de 77 mil habitantes.

Jaboticabal, ao contrário do que já ocorre em outras localidades menores, não tem uma TV (comunitária ou educativa) para a transmissão do horário eleitoral gratuito, o que faz com que a campanha seja diferente das disputas dos grandes centros.

Os candidatos, e a própria dinâmica local, são acompanhados diariamente pelo jornal, assim como ocorre nas eleições em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Além dos ingredientes políticos colocados na disputa deste ano, Jaboticabal foi escolhida pela Folha por ser uma cidade com forte peso educacional, com quatro universidades ou centros universitários, e também se destacar economicamente na agricultura e nas indústrias de alimentação e cerâmica.

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